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Homenagem a jovem que morreu durante operação policial tem confrontos na França

Franceses participaram neste sábado (3) de uma homenagem a Steve Maia Caniço, jovem francês de 24 anos, que morreu durante uma operação policial. Em certos pontos da mobilização, ocorreram confrontos entre a polícia e os manifestantes.

Bombeiros apagam fogo durante protesto em Nantes, 3 de agosto de 2019.
Bombeiros apagam fogo durante protesto em Nantes, 3 de agosto de 2019. JEAN-FRANCOIS MONIER / AFP
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Pela manhã, centenas de pessoas se reuniram perto do local onde o corpo do jovem foi encontrado, em 29 de julho, no rio Loire. Steve caiu na água no dia 21, durante a Festa da Música, quando uma operação policial perto da beira gerou um distúrbio e várias outras pessoas também acabaram despencando.

Manifestantes jogaram rosas no rio e carregavam cartazes com a frase “Onde está a justiça para Steve?”. Já à tarde, no centro de Nantes, 1700 manifestantes desfilaram num ambiente de tensão com a polícia.

Confrontos ocorreram perto da área interditada pela prefeitura no centro de Nantes - o perímetro foi cerceado sob o argumento de zelo pela segurança pública. A polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água contra os manifestantes, que retrucaram arremessando objetos e incendiaram cadeiras para formar barreiras. Duas pessoas ficaram feridas, segundo a AFP.

Trinta e quatro pessoas foram detidas por “violência ou porte de armas”, de acordo com a prefeitura do departamento de Loire-Atlantique. A polícia e o ministro do Interior, Christophe Castaner, foram alvo de diversas críticas durante os protestos, com cartazes onde havia frases como “A polícia afoga” ou “Forças de ordem, para nossa segurança, deixem esse perímetro”.

Entre os manifestantes, diversas mães estiveram presentes. Elas disseram ter medo por seus filhos, da mesma idade de Steve, que frequentam eventos como a Festa da Música. Valérie, 53 anos, veio da cidade de Brest, usando um vestido preto, e gritou aos policiais: “Tomem cuidado com nossas crianças!”.

Outras manifestações ocorreram na França, com menos conflitos, em cidades como Paris, Montpellier e Toulouse.

Parcialidade nas investigações

O relatório da Inspeção Geral da Polícia Nacional (IGPN), responsável por investigar o caso, foi publicado no dia 30 e recebeu uma chuva de críticas na França, sobretudo por uma suposta “parcialidade”. No texto, o IGPN julga que a intervenção policial foi “justificada” e “proporcional”. Nenhuma ligação entre a operação e o desaparecimento de Steve Maia Caniço pôde ser comprovada, avaliou o documento.

Diversos membros da classe política reagiram às conclusões da IGPN. Sandra Regol, porta-voz do partido Europa-Ecologia-Os-Verdes, se disse exasperada do “desprezo” na “atitude do governo” sobre o assunto. Jean-Luc Mélenchon, líder do A França Insubmissa, sigla da esquerda radical, criticou o “regime macronista [em referência ao presidente francês Emmanuel Macron] que abriu o ciclo das violências e da politização da polícia e da justiça”.

Sébastien Chenu, porta-voz do Reunião Nacional (ex-Frente Nacional, da extrema direita), atacou o ministro do Interior. Ele denunciou a “incompetência” de Christophe Castaner e pediu sua demissão. “É um personagem limitado, não tem nenhuma visão.”

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