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Rendez-vous cultural

Leonardo da Vinci: os últimos anos do gênio na França

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Há cinco séculos morria Leonardo da Vinci, um dos grandes gênios de todos os tempos. Depois do apogeu na Itália, ele veio passar seus últimos três anos de vida no Vale do Loire, na França, onde morreu no dia 2 de maio de 1519, aos 67 anos.

Busto de Leonardo da Vinci no local onde foram encontrados seus restos mortais.
Busto de Leonardo da Vinci no local onde foram encontrados seus restos mortais. Foto: Patricia Moribe
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O convite para Leonardo da Vinci fazer parte da corte francesa veio por parte de François I, grande mecenas que implantou o Renascimento na França, incontestável potência após a vitória na Guerra dos Cem Anos.

“Da Vinci era um homem relativamente idoso, para a época. O convite de François I é uma proposta muito lisonjeira para o artista. Na Itália, especialmente em Roma, Leonardo sofre a concorrência de uma nova geração, a de Rafael e Michelangelo”, explica Jean-Louis Sureau, diretor do Castelo de Amboise.

Vista de Amboise, à beira do rio Loire.
Vista de Amboise, à beira do rio Loire. Foto: Joël Klinger / Château d'Amboise

O castelo fica à beira do vale do Loire, conhecido por suas belas propriedades renascentistas bem preservadas e seus vinhos. “François I cresceu em Amboise, aqui era sua casa e aqui a corte viveu os primeiros anos de seu reinado”, explica Sureau. Leonardo ganha como moradia e local de trabalho o palacete que é hoje conhecido como Clos Lucé, a cinco minutos a pé do Castelo de Amboise.

Clos Lucé é hoje uma propriedade particular aberta ao público, com aposentos restaurados e muitas obras interativas que destacam as múltiplas facetas de Leonardo como inventor, astrólogo, músico, cientista, engenheiro, anatomista, pintor, escultor, arquiteto, botânico e poeta. Outra atração da propriedade é um jardim renascentista à italiana, com protótipos de projetos de Da Vinci.

O palacete Clos Lucé, onde Leonardo viveu os últimos três anos de sua vida.
O palacete Clos Lucé, onde Leonardo viveu os últimos três anos de sua vida. Foto: Patricia Moribe

Um grande quadro no castelo de Amboise ilustra a morte de Leonardo nos braços de François I. Uma lenda que nunca aconteceu, como explica Jean-Louis Sureau:

“O quadro foi feito no século 18. O pintor [François-Guillaume Ménageot] não fez uma pesquisa histórica, ele usa uma narração do final do século 16, ou seja, também distante de quando o fato ocorreu. Ele tinha a instrução de colocar em destaque o rei da França. Então temos Leonardo da Vinci, morrendo nos braços de François I. Mas sabemos, historicamente, que nesse dia, o rei não estava em Amboise.

Detalhe do quadro de François-Guillaume Ménageot, que mostra Leonardo morrendo nos braços de François I.
Detalhe do quadro de François-Guillaume Ménageot, que mostra Leonardo morrendo nos braços de François I. Foto: Patricia Moribe

Com o objetivo de se manter sob proteção real depois da própria morte, Leonardo faz um testamento onde pede para ser enterrado no castelo real. O rei lhe concede o privilégio, normalmente reservado à nobreza e ao clérigo. Mas o túmulo de Leonardo sofreu as consequências de três séculos de abandono e acabou se perdendo. Em 1863, uma missão arqueológica acabou encontrando os restos do artista, que foram transferidos para a capela do castelo, onde está até hoje, em destaque.

Tumba de Da Vinci, na capela do Castelo de Amboise.
Tumba de Da Vinci, na capela do Castelo de Amboise. Foto: Patricia Moribe

“Nos três últimos anos de sua vida, Leonardo não tem, evidentemente, o mesmo vigor de quando era jovem. Mas ele continua trabalhando, fazendo esboços e desenhos. Conhecemos mais a sua pintura, mas ele tinha talentos múltiplos. Aqui em Amboise, ele foi uma espécie de diretor de eventos. Em 1518 ele organizou grandes festas, com muita imaginação para shows. Esses eventos marcaram a primavera daquele ano”, relata o diretor de Amboise.

Quando Da Vinci chega à França, ele traz três quadros: Santa Ana, São João Batista e, a Monalisa. “Ele deixou a impressão de que não estava satisfeito com esses quadros, uma vez que era um perfeccionista. Talvez ele quisesse, até o final da vida, retocar ou completar as obras”, diz Jean-Louis Sureau.

Do alto do Castelo de Amboise.
Do alto do Castelo de Amboise. Foto: Patricia Moribe

O Museu do Louvre em Paris comemora os 500 anos da morte de Leonardo da Vinci com uma grande retrospectiva, de 24 de outubro de 2019 a 24 de fevereiro de 2020. Em destaque, Santa Ana, São João Batista e, claro, a Monalisa, quadros que hoje fazem parte do acervo do Louvre.

 

 

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