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Autor do ataque na sede da polícia de Paris era ligado ao islamismo radical

Em coletiva de imprensa neste sábado (5), o procurador do serviço nacional de antiterrorismo da França, Jean-François Ricard, trouxe novas informações sobre o ataque a faca, perpetrado na quinta-feira (3) por um funcionário público na sede da polícia de Paris, deixando cinco mortos, entre eles, o próprio autor do ataque. O agressor teria afirmado à esposa que ouvia vozes e que "Alá pediu que agisse".

Jean-François Ricard, procurador do serviço nacional de antiterrorismo da França, em coletiva de imprensa neste sábado (5) em Paris.
Jean-François Ricard, procurador do serviço nacional de antiterrorismo da França, em coletiva de imprensa neste sábado (5) em Paris. GEOFFROY VAN DER HASSELT / AFP
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Identificado como Mickaël Harpon, de 45 anos, natural da Martinica, o autor do ataque trabalhava no setor da informática da polícia de Paris desde 2003. Ele havia se convertido ao islã há mais de dez anos e teria contato com pessoas suspeitas de radicalização, sobretudo do movimento salafista.

Desde quinta-feira a esposa do autor do ataque está detida para interrogatório. Em 33 mensagens que Harpon trocou com ela pelo celular antes do massacre, o agressor afirmou que havia conversado com Alá, que teria pedido que agisse. A mulher declarou aos investigadores que as afirmações do marido eram "incoerentes".

"Nesta conversa, o autor do ataque fez afirmações de conotação exclusivamente religiosa, que terminaram com a expressão 'Alá é grande'", afirmou Ricard. Segundo o procurador, na noite anterior ao ataque, ele teria feito declarações similares a conhecidos.

As primeiras investigações também revelaram que algumas de suas atitudes tinham relação com o islamismo radical, como a recusa da troca de apertos de mão com colegas mulheres, o apoio aos atentados terroristas de 2015 e as mudanças na forma de se vestir. Há alguns meses, Harpon teria deixado de usar "roupas ocidentais por tradicionais para ir à mesquita", indicou Ricard.

Cenas de violência extrema

O procurador também descreveu todas as etapas do ataque "de uma violência extrema". As facas utilizadas no massacre, uma de 33 centímetros e uma para cortar ostras, foram compradas no dia do crime e escondidas sob suas roupas.

Os assassinatos foram perpetrados entre 12h53 e 13h de Paris, em um ato que durou sete minutos no total, apontou Ricard. Segundo ele, as câmeras de segurança mostram que Harpon não demonstrou nenhum sinal de hesitação ou nervosismo.

Primeiramente, ele matou dois funcionários que almoçavam em um escritório da sede da polícia, degolando um deles. Um policial foi esfaqueado em outra sala. Em seguida, uma agente administrativa foi morta em uma das escadas do prédio. Uma outra mulher chegou a ser ferida a facadas, mas não corre risco de vida. Harpon foi neutralizado por um policial estagiário com dois tiros.

Governo é questionado

O caso fragiliza ainda mais o ministro do Interior, Christophe Castaner. Na quinta-feira, durante uma coletiva de imprensa, ele tentou relevar o perfil do agressor, afirmando que ele nunca havia representado perigo na sede da polícia de Paris. Neste sábado, membros do Partido Republicano (direita), exigiram a criação urgente de uma comissão de investigação parlamentar para esclarecer a motivação do ataque.

"O ministro do Interior nos disse nos primeiros momentos: 'não tem nada para ver aqui, continuem suas vidas!'. Será que ele quis esconder a verdade ou ele é apenas incompetente?", escreveu o deputado republicano Eric Ciotti no Twitter.

Lideranças da extrema direita, como Marine Le Pen, presidente do partido Reunião Nacional, também exigem a demissão de Castaner. Até o momento, o ministro não respondeu às acusações. 

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