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Senado francês aprova proibição do véu islâmico durante passeios escolares

O Senado francês, dominado pela direita, votou nesta terça-feira (29) a favor de um projeto de lei sobre a proibição do uso de símbolos religiosos por pais ou outros acompanhantes de alunos durante passeios escolares. A decisão alimenta o polêmico debate sobre a laicidade que recentemente voltou à tona na França.

A polêmica sobre o uso do véu islâmico volta à tona na França.
A polêmica sobre o uso do véu islâmico volta à tona na França. AFP/ERIC CABANIS
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A medida foi votada por 163 votos contra 114. Ela poderá entrar em vigor caso a Assembleia Nacional a aprove. Para especialistas, há poucas chances de que o texto seja adotado, já que a câmara baixa é dominada pelos centristas do partido A República em Marcha - legenda do presidente francês, Emmanuel Macron – que são contra a proposta.

Diante dos senadores, o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, classificou o projeto de lei como "contraproducente" porque, segundo ele, o texto pode enviar uma "mensagem negativa às famílias". "Devemos dizer às crianças que seus pais são bem-vindos e que juntos – pais e escolas – garantem a educação", afirmou.

Mãe hostilizada por vereador da extrema direita

A polêmica sobre o uso de símbolos religiosos nas escolas voltou a incendiar a opinião pública na França há cerca de três semanas, quando uma mãe muçulmana portando o hijab foi hostilizada por um vereador da extrema direita. O incidente ocorreu durante uma visita escolar ao Conselho Regional de Bourgogne-Franche-Comté, no leste da França, no qual a mulher acompanha o filho. Imagens que circularam nas redes sociais mostram a mãe tentando acalmar o menino, que assustado com a cena, chora nos seus braços.

Para a autora do projeto de lei, Jacqueline Eustache-Brinio, do partido de direita Os Republicanos, os acompanhantes de passeios escolares, sejam eles ou não pais de alunos, são "colaboradores voluntários do serviço público francês". Por isso, segundo ela, "devem respeitar a neutralidade" da instituição.

A ideia é criticada pela esquerda, que denuncia a necessidade dos conservadores de "incitar polêmicas", como definiu nesta terça-feira o senador comunista Pierre Laurent. Já a senadora socialista Samia Ghali pediu que a análise do projeto de lei fosse rejeitada "em prol da calma".

Tenso contexto

A proposta foi votada pelos senadores franceses no dia seguinte ao ataque contra uma mesquita de Bayonne, no sudoeste da França. O agressor, Claude Sinké, de 84 anos, é simpatizante da extrema direita e chegou a ser candidato pelo partido Frente Nacional (atualmente Reunião Nacional) nas eleições regionais de 2015.

Com o ato que deixou dois feridos graves, o homem queria "se vingar da destruição" da Catedral de Notre-Dame de Paris. Em depoimento à polícia, Sinké culpa os muçulmanos pelo incêndio que devastou a igreja no último 15 de abril.

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