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Imprensa/ Racismo

Pesquisa: 40% dos muçulmanos da França foram vítimas de racismo nos últimos 5 anos

O jornal Le Parisien desta quarta-feira (6) revela o resultado de um estudo que mostra o quanto o preconceito ainda é um problema na sociedade francesa. De acordo com uma pesquisa inédita encomendada pelo governo, 40% dos muçulmanos da França afirmam ter sido vítimas de racismo nos últimos cinco anos.

Muçulmanos representam entre 5 e 6 milhões de pessoas que compõem a população da França.
Muçulmanos representam entre 5 e 6 milhões de pessoas que compõem a população da França. AFP
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"Muçulmanos da França diante do racismo" é a manchete de capa do diário, que analisa o estudo. Os dados mostram que a comunidade muçulmana é duas vezes mais exposta a comportamentos racistas do que o resto da população francesa.

Um comportamento que Soulaymane, de 16 anos, percebe quando a polícia o escolhe para ser revistado no parque ao lado de sua escola, entre dezenas de adolescentes que frequentam o local. Ou que a jovem Sadia sente nos olhares ou nas perguntas indiscretas ao acompanhar a mãe, idosa, ao hospital. "Vocês falam francês?", elas escutam com frequência.

Segundo estimativas, os muçulmanos representam entre 5 e 6 milhões de pessoas que compõem a população da França. Sua religião, o Islã, está em segundo lugar na quantidade de seguidores no território francês. Mas 40% deles afirmam ter sido alvo de comportamentos racistas nos últimos cinco anos.

De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop), a pedido da agência do governo que luta contra o racismo e a discriminação (Dilcrah), 23%  dos membros desta comunidade dizem ter sido prejudicados na vida profissional devido à sua religião. Um a cada quatro muçulmanos foram alvo de insultos ou agressões verbais racistas.

Detalhes preocupantes

Os detalhes deste estudo preocupam as autoridades, já que o racismo antimuçulmanos atinge mais cidadãos franceses do que estrangeiros, mais mulheres do que homens. A pesquisa também revela que esse tipo de preconceito é principalmente registrado em cidades ou regiões onde a proporção de imigrantes é moderada, inferior à 8% da população, salienta Le Parisien.

Dentre as situações mais frequentes em que os muçulmanos são alvo de discriminação na França, estão: batidas policiais, procura de emprego, procura de um imóvel para viver, na entrada de bares ou discotecas, diante de educadores ou professores em instituições de ensino ou diante de agentes administrativos do serviço público francês.

Entrevistado pelo diário, o professor Yannick L'Horty, da Universidade Paris-Est-Marne-La-Vallée, especialista em discriminações, diz que não há dúvidas que os mecanismos para lutar contra o racismo são pouco eficazes na França. Por isso, para ele, um amplo trabalho de sensibilização sobre o problema é urgente.

"No país dos Direitos Humanos, sacudido desde 2012 por uma onda de atentados, muitos deixaram de lado a fraternidade que faz parte do lema nacional", afirma Le Parisien.

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