Acessar o conteúdo principal

França desliga reatores nucleares após terremoto de intesidade rara

O sudeste da França foi atingido nesta segunda-feira (11) por um terremoto de magnitude 5,4, algo raro no país. O tremor deixou quatro feridos e obrigou o desligamento de reatores nucleares na região.

Os reatores da usina nuclear de Cruas, na Ardèche, serão desligados para uma vistoria, após o terremoto no vale do Ródano,
Os reatores da usina nuclear de Cruas, na Ardèche, serão desligados para uma vistoria, após o terremoto no vale do Ródano, wikimédia
Publicidade

O terremoto aconteceu pouco antes das 11:00 GMT, (7 horas em Brasília) e foi sentido em todo o sudeste da França, de Lyon a Montpellier. Embora esse tipo de fenômeno seja relativamente comum no país, a intensidade do tremor de terra desta vez chamou a atenção de pesquisadores.

"Para nós, essa região é caracterizada por eventos de moderada a baixa intensidade sísmica (...) que raramente excedem a magnitude 5", disse Mustapha Meghraoui, físico do Instituto da Terra de Estrasburgo. "Pode-se dizer que é raro um terremoto importante para a região", explicou.

O epicentro do tremor foi localizado entre as cidades de Teil e Viviers, "com cerca de dez quilômetros de profundidade”, segundo os geólogos. Meghraoui também alertou sobre um possívem novo tremor, após o primeiro choque. "Deve haver uma réplica principal que será da ordem de 4,5", afirmou, sem excluir a hipótese de um choque "talvez tão forte quanto o desta manhã".

"É raro", mas "temos que ter cuidado e vigilância", insistiu. Porque "se as pessoas ficam em suas casa", que podem ter sido enfraquecidas pelo primeiro terremoto, "pode ​​ser perigoso" para elas, alertou. "Se as pessoas estão em uma casa frágil, é melhor elas partirem", abrigarem-se em um edifício "melhor construído", aconselhou.

Susto na Ardèche

"Eu temi pela minha vida!", disse o prefeito de Teil, Olivier Pévérelli, chocado após o forte tremor que danificou mais de 200 casas nessa cidade da Ardèche, na fronteira com Montelimar, onde vivem 8.500 habitantes. O prefeito conta que estava na companhia de seu irmão quando sentiu o choque de magnitude de 5,4 e sem precedentes na França continental desde 2003.

"Foi logo após a cerimônia de 11 de novembro, estávamos sentados à mesa e tivemos a impressão de que a casa estava subindo do chão como um navio", contou. Como outros moradores de Teil, Pévérelli se surpreendeu pelo abalo nesta região não acostumada a terremotos. "Foi muito impressionante, todos os móveis caíram, a louça quebrou e nós dois fomos jogados no chão", descreveu.

Por causa do terremoto, os dois campanários da cidade estão prestes a cair. O andar superior da prefeitura ficou inacessível porque "os tetos caíram", acrescentou o prefeito. "Amanhã de manhã, os especialistas irão avaliar os danos", anunciou, acrescentando que "todas as escolas" serão fechadas na terça-feira (12) por precaução. Policiais vão patrulhar a noite toda as casas vazias para evitar saques.

"Estou reformando esta casa há vários anos, vou ter muito trabalho", contou desolado Laurent George, outro morador de Teil, mostrando uma fenda de vários centímetros de largura no canto superior do prédio com persianas verdes.

"Meu prédio está rachado por dentro e por fora", relata Brahim, morador do distrito de Sablons.

Em Montélimar, um homem ficou gravemente ferido após a queda de um andaime. Outras três pessoas ficaram feridas na região após uma crise de pânico.

Reatores desligados

Os reatores da usina nuclear de Cruas, na Ardèche, serão desligados "nas próximas horas" para uma vistoria, após o terremoto no vale do Ródano, disse o prefeito do Drôme, Hugues Moutouh.

"O limiar sísmico da vibração acionou um alarme em apenas um dos cinco sensores no local. Nenhum dano aos edifícios foi encontrado e as instalações estão funcionando normalmente", disse o prefeito em entrevista coletiva.

No entanto, "de acordo com o procedimento de segurança e precaução estabelecido pelo operador, um desligamento dos reatores ocorrerá nas próximas horas, para permitir uma auditoria completa das instalações", acrescentou.

A Agência de Segurança Nuclear (ASN) garantiu que o terremoto não causou "danos aparentes" a essas instalações, mas a EDF (maior companhia distribuidora de energia da França) ainda não havia calculado o impacto exato do terremoto.

Em um tuíte, a rede "Sortir du nucléaire" (Sair do nuclear) apontou que a magnitude deste terremoto foi maior que o nível de segurança de 5,2 para o qual as usinas de Tricastin e Cruas foram construídas. "É urgente parar essas usinas antes que ocorra um acidente grave", alertou a associação.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Compartilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.