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Fotógrafo brasileiro apresenta série sobre os desafios do Cerrado em Paris

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O fotógrafo José Diniz está na França para participar da exposição "Terra Brasilis", em cartaz na Galeria Marché Dauphine, em Saint-Ouen, na grande Paris. A mostra, que reúne 14 fotógrafos contemporâneos brasileiros, tem curadoria de Ricardo Fernandes e fica em cartaz até 1º de dezembro. Natural de Niterói, José Diniz apresenta uma série em que se debruça sobre o Cerrado brasileiro, “um lugar de metáforas”.

O fotógrafo José Diniz, que expõe e lança livros em Paris durante este mês de novembro de 2019. .
O fotógrafo José Diniz, que expõe e lança livros em Paris durante este mês de novembro de 2019. . Foto: RFI Brasil/ Elcio Ramalho
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“Esta exposição destaca o dinamismo da cena fotográfica brasileira contemporânea e propõe um percurso que reflete as diferentes facetas do Brasil: sua história, suas paisagens urbanas ou naturais, sua mestiçagem, e também evoca as repercussões da globalização neste país assolado por novos desafios ecológicos e sóciopolíticos. Além dos temas abordados, trata-se também de propor uma seleção de obras das mais representativas da transição entre a fotografia brasileira modernista, pós-modernista e atual”, diz o texto de apresentação da Terra Brasilis.

José Diniz explica como se deu a escolha pelo Cerrado: “Este trabalho é um projeto meu sobre o cerrado, a região central do Brasil, entre a Amazônia e a Mata Atlântica, é uma região muito sensível e que está num processo de degradação enorme”.

“São muitas séries, que incluem também um vídeo que eu fiz na região. Este trabalho foi selecionado por Ricardo Fernandes e está em processo de incorporação à coleção da BnF, Biblioteca Nacional da França, o que me traz muito orgulho”, conta.

Além desta série, ele foi convidado pelo grupo Iandê de fotografia brasileira, junto com os fotógrafos Claudia Jaguaribe, Joaquim Paiva e Shinji Nagabe, para lançar os livros de foto-arte no contexto do salão de fotografia Paris Photo, que acontece neste mês de novembro.

Ambiente de arte

A natureza e a técnica em preto e branco (P&B) fazem parte da fotografia de José Diniz desde os primórdios. “Eu fotografo desde criança e tenho na minha história o trabalho em preto e branco, com filme, analógico, e hoje eu venho tratando de misturar estes processos, inclusive trabalhando com gravura, serigrafia”, diz.

“Cresci num ambiente de arte. Meu pai era artista, professor de desenho, eu tinha desde criança todo este material e estas ferramentas disponíveis, assim como a fotografia, então eu juntei muito estas coisas. O P&B vem muito disso aí”, revela.

O fotógrafo lança em Paris também o seu livro de artista. “Dentro do meu processo de trabalho, o livro de artista (ou artist book) é uma atividade importante, porque é uma forma que eu tenho de visualizar as minhas séries, a minha edição; é uma forma também de eu fazer experimentação no meu trabalho. E, ao mesmo tempo, é uma obra, acaba sendo o produto de um artista”, conta, sobre o livro que mistura fotografia e vídeos, num trabalho artístico com as imagens produzidas por ele.

Mar, metáfora e resistência

Além do cerrado, o artista trabalha muito com o elemento água, mais precisamente o mar.

“Eu vivi muito o ambiente do meu pai artista como vivi também com o pé na água, no mar, passei praticamente a infância toda dentro d’água. Vivia na praia, estava muito ligado aos pescadores. O mar, para mim, é um espaço de metáforas, de trazer coisas de dentro da alma”, filosofa.

Para Diniz, o Cerrado, como o mar, “também é um espaço de desafios, de metáforas, de coisas que saem de dentro. Tudo isso, que gera muita literatura, gera também muitas imagens para mim”.

O fotógrafo conta que o mercado da fotografia no Brasil vem crescendo. “A gente vê isso no grande número de eventos, festivais, muito espaço de discussão sobre a fotografia e tem também a nova fotografia, com celular.”

Por outro lado, diz ele, “a gente esta vivendo um momento muito sensível e frágil na cultura”. “Então esta exposição que a gente faz aqui é um ato de resistência. De mostrar a cultura brasileira e tentar fincar o pé em outro lugar, mostrando para o mundo que nós temos muitas coisas a trazer. Estar em Paris com isso, no mês da fotografia, é muito importante”, finaliza.

 

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