O grupo Doux, maior produtor aviário da Europa, entrou oficialmente em concordata nesta sexta-feira por seis meses, após o Tribunal do Comércio de Quimper, noroeste da França, aceitar o pedido de cessação de pagamentos pela empresa. Atolado em 437 milhões de euros de dívidas, mais de 1 bilhão de reais, o grupo francês está presente no Brasil, através da Doux Frangosul.
A maior parte da dívida, cerca de 200 milhões de euros, foi gerada no Brasil, onde a desordem nas contas havia forçado a Doux Frangosul a parar a produção desde fevereiro. Em maio, o frigorífico brasileiro JBS, líder mundial no comércio de carne bovina, arrendou por 10 anos os ativos da Frangosul e se comprometeu a pagar 50 milhões de reais em pagamento de fornecedores, prestadores de serviços e salários atrasados. A expectativa é retomar os abates a partir de junho.
Na França, o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, declarou hoje que o governo está em contato com os bancos para evitar a falência e proteger os 3,4 mil funcionários e cerca de 800 fornecedores da empresa. Uma reunião entre o governo e a direção da cmpanhia está marcada para terça-feira. Há problemas de pagamento de avicultores integrados à Doux, a exemplo do que ocorreu no Brasil.
"Nós acompanhamos de muito perto a possível compra da Doux Frangosul pela JBS no Brasil. Estávamos preocupados com a situação dos produtores, que não estavam sendo pagos, e agora nos encontramos na mesma situação aqui na França", relatou Vanessa Perrotin, delegada sindical do grupo.
O grupo Doux deve cerca de 20 milhões de euros ao Banco Barclays, e outros 90 milhões de euros de débitos vêm de contas penduradas com fornecedores. O capital da companhia é 80% familiar, da família do presidente e fundador Charles Doux.
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