Unesco quer enviar missão ao Mali para avaliar estragos causados por tuaregues

A Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura disse hoje que quer enviar uma missão a Tombuctu, no norte do Mali, para avaliar os estragos feitos pelos rebeldes tuaregs na região. Pelo menos sete dos 16 mausoléus de santos muçulmanos foram destruídos pelos islamitas, que seguem uma orientação mais radical do Islã e condenam a adoração aos santos. Também a porta de entrada de uma mesquita foi demolida a golpes de marretada.

Mausoléus protegidos pela Unesco são alvos de ataques de grupos islamistas no Tumbuctu, no Mali. REUTERS/Adama Diarra

A cidade de Timbuctu, tomada pelos extremistas, foi incluída na lista de patrimônio mundial em perigo da Unesco. O chefe da seção africana do Centro do Patrimônio Mundial, Lazare Eloundou, destaca a importância da conscientização.

"É preciso lembrar por que esse patrimônio é tão importante e reforçar que não se pode destrui-lo. A extensão dos destroços é enorme, porque envolve quase a metade dos mausoléus da cidade inscritos no patrimônio mundial", disse. "É trágico, é inaceitável, é injustificável, e é um crime contra a história e contra a cultura da humanidade."

O antropólogo André Bourgeot, especialista no Mali, afirma que a única maneira de controlar os atos dos islamitas seria impedir a implantação do islamismo radical na região.

"A curto prazo, não vejo que forças poderiam impedir a aplicação da charia, a lei islâmica, em Tombuctu e no resto da região norte do Mali. A única chance seria se houvesse uma resistência da população", disse.

Nesta terça-feira, o primeiro-ministro francês, Jean-Marc Ayrault, declarou que a França está determinada em evitar a instalação de extremistas islâmicos no norte do Mali. Na sexta, dirigentes do oeste africano pediram ao Conselho de Segurança acelerar a votação de uma resolução para autorizar o envio de uma força regional ao país.