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Assembleia Geral da ONU

BRICs defendem solução diplomática para programa nuclear iraniano

Enquanto o clima esquentava entre Estados Unidos, Israel e Irã, chefes de Estado e chanceleres de vários países se encontraram em reuniões bilaterais para discutir a situação iraniana. O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, conversou com colegas dos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) e reafirmou que a posição do grupo continua sendo a de buscar uma solução diplomática: "Há um consenso entre os BRICs de que o Irã precisa cooperar plenamente com a Agência Internacional da Energia Atômica, e que o Irã, assim como todas as partes do Tratado de Não-Proliferação, deve assumir plenamente os seus compromissos no âmbito do TNP". Em alusão às recentes ameaças de Israel e Estados Unidos ao Irã, o chanceler afirmou existir ainda uma "convergência total" entre os BRICs na rejeição às iniciativas militares unilaterais "violatórias da Carta das Nações Unidas". 

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota
O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota REUTERS/Ueslei Marcelino
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Estas conversas aconteceram no mesmo dia em que o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, subiu à tribuna da Assembleia Geral da ONU para fazer um dos discursos mais aguardados da cúpula. Mas, comparado aos últimos anos, quando ele questionou a existência do Holocausto e criticou os homossexuais, seu oitavo - e, provavelmente, último - discurso à assembleia foi ameno. Ahmadinejad, que termina seu segundo mandato em junho do ano que vem, chamou os israelenses de "sionistas não-civilizados" e garantiu que o Irã é capaz de neutralizar todos os esforços de sabotagem a suas instalações nucleares.

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Patriota

Boa parte da expectativa em torno de seu discurso foi criada por uma entrevista que o mandatário iraniano concedeu na véspera do discurso, em que afirmou que "os sionistas não têm raízes" no Oriente Médio. Ele também afirmou que não se preocupa com ameaças de ataques por parte de Israel. As palavras tiveram repercussão ampliada, já que foram proferidas em pleno Yom Kippur, uma das principais festas religiosas judaicas, que durou da manhã de terça-feira ao anoitecer de quarta. Comentaristas nos Estados Unidos chamaram de "ofensiva" a presença de Ahmadinejad no plenário em pleno Yom Kippur.

Diante da pressão, os representantes dos Estados Unidos na Assembleia decidiram boicotar o discurso. Pouco antes de o iraniano subir ao púlpito, o porta-voz da missão americana Erin Pelton declarou que "mais uma vez, (Ahmadinejad) se aproveitou de sua visita à ONU para proferir teorias paranóicas e insultos repugnantes contra Israel. Por isso os Estados Unidos decidiram não assistir" à intervenção. "É particularmente desagradável", continuou, "que o senhor Ahmadinejad tenha a tribuna a sua disposição durante o Yom Kippur".

Nesta quinta-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, deve responder duramente ao líder iraniano, em seu discurso à Assembleia Geral da ONU. O outro discurso do dia será feito pelo presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Ele deve solicitar, mais uma vez, que seu país seja aceito como membro integral da ONU.

Colaborou a correspondente da RFI em Nova York, Carolina Cimenti.

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