Declaração de Dilma sobre inflação provoca tensão no mercado
Na entrevista coletiva que deu hoje a jornalistas brasileiros no encerramento da 5ª Cúpula de Líderes do Brics em Durban, África do Sul, a presidente Dilma Rousseff deu uma declaração que levou tensão ao mercado financeiro no Brasil.
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Adriana Moysés, em Durban
Quando a presidente foi questionada sobre o aumento da inflação no Brasil, Dilma respondeu: “Eu não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico... esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença é complicado, entende? Eu vou acabar com o crescimento do país. Isso daí está datado, isso eu acho que é uma política superada”.
Dilma prosseguiu: “Agora, isso não significa que o governo não está atento e, não só atento, acompanha diuturnamente essa questão da inflação. Nós não achamos que a inflação está fora de controle, pelo contrário, achamos que ela está controlada e o que há são alterações e flutuações conjunturais. Mas nós estaremos sempre atentos.”
Apesar da cautela da presidente, o estrago estava feito. A fala de Dilma foi interpretada como um sinal de que o Banco Central não vai elevar por enquanto as taxas de juros para segurar a inflação, o que alguns ainda apostavam, e pior, soou como um sinal de fraqueza e de falta de independência do Banco Central e de seu presidente Alexandre Tombini, sujeito a pressões do Planalto.
A fala de Dilma provocou queda das taxas de juros futuros negociadas na BM&Fbovespa. As apostas de elevação da taxa básica de juros, a Selic, fixada atualmente em 7,25% ao ano, caíram.
O blog do Planalto publicou uma nota dizendo que a declaração de Dilma tinha sido "manipulada" pelos jornalistas. Tarde demais: a reprodução das declarações da presidente foi textual e os investidores têm o direito de serem informados.
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