Monarquias do Golfo testam exames médicos para identificar gays

O governo do Kuwait informou nesta quarta-feira que está trabalhando em testes médicos para identificar homossexuais e com isso impedir que eles entrem no país, seja como trabalhadores expatriados ou turistas. A medida, prevista para entrar em vigor já no próximo mês, será adotada por todas as monarquias do Golfo Pérsico. 

Vários países do Golfo Pérsico preparam-se para realizar testes para identificar homossexuais. Flickr/ Creative Commons

A informação foi revelada pelo responsável da saúde publica no Kuwait, Yousouf Mindkar, em entrevista a um jornal árabe. Ele não entrou em detalhes sobre os tipos de exames médicos que seriam impostos aos estrangeiros que têm intenção de imigrar para o Catar.

Segundo ele. o país esta trabalhando no projeto e que um "teste homossexual" deve ser incluído à bateria de exames que toda pessoa é obrigada a fazer faz quando chega aos países do Golfo com um pedido de visto de permanência.

Além do Catar, a medida valeria também para os Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Bahrein e Arábia Saudita. Atualmente em 86 países ( a maioria muçulmanos), a condição de homossexual é crime e punido com prisão. Na Arábia Saudita, Irã e Iêmen os homossexuais podem ser condenados à pena de morte.

Turistas

De acordo com o jornal Arabian Business as monarquias do Golfo querem também fazer o teste com os turistas e para isso o Kuwait também estaria trabalhando em um projeto de “scanner de olhos” para identificar os gays.

Em entrevista à correspondente da RFI na região, Karina Hermesindo, uma médica de Abu Dhabi confirmou ser impossível a identificação de uma pessoa homossexual através dos olhos. Mas, segundo essa especialista, é possível saber se uma pessoa está nervosa ou mentindo através da dilatação ou contração das pupilas.

Copa no Catar

Uma medida de imigração totalmente discriminatória poderá ter consequências na economia de alguns países do Golfo que estão investindo pesado no turismo, como os Emirados ↕rabes e o Catar que deve sediar a Copa do Mundo de futebol em 2022.

Algumas organizações não governamentais como a ONG britânica Peter Tatchell já pediu publicamente à FIFA cancelar a Copa no país. O próprio Peter Tatchell que é um político britânico muito engajado no direito dos homossexuais declarou que se esse “teste absurdo” realmente entrar em vigor não caberá à Fifa outra alternativa senão ser cancelar a Copa de 2022 no Catar.

Este seria mais um duro golpe no evento já tem sido bastante criticado depois da denúncia de jornais de que 44 trabalhadores já morreram nas obras para a construção dos estádios devido às condições de trabalho que beiram a escravidão.