Para imprensa, atirador de Paris é um 'paranóico com história maluca'

Os jornais franceses de hoje tentam desvendar o mistério em torno da personalidade do atirador de Paris, Abdelhakim Dekhar. Ele é descrito pela mídia como um sujeito estranho e paranóico.

Capa dos jornais franceses.

O jornal Le Figaro afirma que Dekhar deve ser indiciado por múltiplas tentativas de assassinato, no saguão do jornal Libération, onde feriu gravemente um fotógrafo, na sede da emissora de televisão BFMTV, onde entrou armado sem atirar, e no edifício do banco Société Générale, em La Defense, onde Dekhar realizou disparos contra a fachada do prédio sem deixar feridos.

Segundo o Le Figaro, o francês de origem argelina é um "paranóico, extremista de esquerda, que mergulhou em uma espécie de delírio" contra a mídia e o capitalismo 20 anos depois de ter sido condenado por formação de quadrilha com um casal que matou cinco pessoas num tiroteio em 1994, em Paris.

O jornal Aujourd'hui en France diz que depois de cumprir quatro anos de prisão, Dekhar desapareceu dos radares da polícia. Ele foi morar em Londres, onde arrumou trabalho e até teria se casado. Ninguém nunca conseguiu entender a personalidade desse homem, conforme relatam várias fontes judiciárias. O Aujourd'hui en France o descreve como uma pessoa revoltada contra o sistema capitalista, um manipulador, que teve uma infância clássica, criado numa família normal, fazendo parte da segunda geração de pais que imigraram da Argélia para a França.

O Libération afirma em seu editorial que ninguém sabe se Dekhar continua se reivindicando como uma figura da extrema-esquerda violenta. Talvez as investigações forneçam esclarecimentos, escreve o jornal. Diante do contorno confuso do caso, o Libération se contenta com o fato de que o atirador sobreviveu à tentativa de suicídio e terá de responder por seus atos diante da justiça.