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O Mundo Agora

2013 foi o ano em que o mundo perdeu a confiança nas potências emergentes

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Será que é a sina do número 13? O ano 2013 não foi dos melhores para o nosso velho planeta. Como se os deuses tivessem castigado a humanidade pelos seus pecados. Terremotos, inundações, furacões: a natureza foi particularmente inclemente. Mas os seres humanos também contribuíram – e muito! – para esse ano calamitoso. Catástrofes industriais, poluições aterradoras, guerras civis sanguinárias, repressões brutais: o noticiário está repleto de violências e atentados terroristas. E pior ainda, a impressão é que os ditos “responsáveis políticos” não sabem o que fazer. Como se os governos não tivessem mais nem instrumentos, nem vontade, para tentar solucionar os problemas.

Os dirigentes dos Brics (grupo que integra o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em  Saint-Pétersbourg, 5 de setembro de 2013.
Os dirigentes dos Brics (grupo que integra o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em Saint-Pétersbourg, 5 de setembro de 2013. REUTERS/Sergei Karpukhin
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Essa impotência geral ficou claríssima no campo econômico. 2013 já é o quinto ano da crise global. Mas também foi ano em que o mundo perdeu a confiança nas potências emergentes. O Brasil, a Rússia e a África do Sul quase pararam, cada um com seu “pibinho” decepcionante. A Índia também escorregou feio, com uma queda brutal do crescimento e as finanças públicas completamente desarrumadas.

A China ainda teve um aumento do PIB invejado pelo resto do mundo, mas insuficiente para garantir as conquistas das últimas duas décadas. Esse voo da galinha dos BRICS foi traumatizante porque muita gente contava com eles para compensar o marasmo econômico dos grandes países industrializados. E agora caiu a ficha: os “emergentes” não vão tirar o mundo do buraco.

E isso é uma péssima notícia não só para os países do Norte em crise, mas, sobretudo para as outras economias do Sul que contavam com isso para puxar o próprio crescimento.

Não é à toa que 2013 foi também o ano das grandes revoltas contra o imobilismo dos governos. Em São Paulo, Rio, Madrid, Istambul, Bancoc, Santiago, Lisboa ou Atenas a juventude foi para a rua, convocada pelas redes sociais e rechaçando a presença dos partidos, sindicatos ou qualquer outro tipo de organismo “oficial”.

No mundo inteiro foi o mesmo clamor: “Políticos, façam o trabalho pelo qual a gente paga vocês!”. Não se trata de revolução, mas simplesmente de competência e respeito: saúde, educação, honestidade, diálogo de boa fé, liberdades individuais e de expressão, administração séria da economia e do Estado. 2013 foi o ano da tomada de consciência global de que os donos do poder – sejam eles de direita ou de esquerda – são os maiores responsáveis pela desordem econômica. Ninguém mais brada por utopias sociais, que, aliás, sempre acabam mal.

Hoje a palavra de ordem é pressionar os responsáveis políticos e econômicos para que tomem jeito.

A boa notícia é que alguns até conseguiram dar esperanças aos seus cidadãos. Os Estados Unidos de Obama, a Inglaterra de Cameron ou a Alemanha de Merkel já tem grandes perspectivas de sair do atoleiro. Alguns – poucos – países africanos, que conseguiram ter governos um pouquinho mais decentes, também estão crescendo e se modernizando rapidamente.

Na América Latina, os países da Aliança do Pacífico também não estão indo mal, graças a um mínimo de administração coerente. O Japão de Shinzo Abe e as nações anglo-saxônicas da Ásia estão dando sinais de renovado dinamismo.

Portanto, apesar das tempestades contrárias, melhorar é possível. Basta querer. Quem sabe não seria essa a melhor palavra de ordem para 2014? O Brasil tem tudo para dar certo. Basta querer. Feliz Ano Novo para todos!

 

Clique no botão acima para ouvir a crônica de política internacional de Alfredo Valladão, professor do Instituto de Estudos Políticos de Paris

 

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