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Fato em Foco

Trinta anos após criação do MST, Brasil ainda luta pela reforma agrária

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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza até a próxima sexta-feira (14) em Brasília o seu VI Congresso Nacional. O evento, que também marca os 30 anos de existência da organização, faz um balanço dos avanços na questão da reforma agrária no Brasil e apresenta um novo programa que redefine as linhas gerais da atuação do grupo para os próximos anos, principalmente diante da mudança de posição do Brasil no cenário agrícola mundial.

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra está mudando sua estratégia.
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra está mudando sua estratégia. Facebookmst
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As cerca de 15 mil pessoas que participam do congresso Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tentam encontrar um novo modelo para a organização, criada quando o Brasil ainda era um país de grandes latifúndios improdutivos. Diante do desenvolvimento econômico e a transformação do país em um dos gigantes mundiais da exportação de alimentos, o MST discute uma evolução de sua estratégia, que se resumia até então à invasão de fazendas para forçar o governo a redistribuir as terras.

Para João Pedro Stédile, um dos mais importantes representantes do movimento, em um mundo onde a economia “é dirigida pelo capital financeiro e internacionalizado e que esse modelo implementou o agronegócio, que exclui e expulsa os camponeses e a mão de obra do campo, distribuir terra não é mais suficiente”.

O movimento também critica a posição paradoxal da atual presidência petista, que teria deixado a tema de lado. “A reforma agrária não está sendo feita por um governo que se apresenta como sendo de esquerda e que é o mais ligado aos movimentos sociais”, comenta o professor no Instituto de Ciências Políticas de Lyon e presidente da antena local da Associação dos Amigos dos Sem Terra (Amis des Sans Terre), Francis Poulet. Segundo ele, “ a perspectiva de uma reforma agrária no curto prazo é muito pouco provável”.

Poulet também ressalta que, apesar do desenvolvimento econômico brasileiro, a questão agrícola não deve ser esquecida e que, teoricamente, ela deveria fazer parte das prioridades dos governo. “Um dos lemas do Brasil no governo da Dilma é que um país rico é um país sem pobreza, então na luta contra a pobreza a reforma agrária continua sendo necessária.”

O pesquisador conclui enfatizando que as reivindicações de distribuição de terras feitas pelo MST atestam um certo atraso da sociedade brasileira. “Essa reforma agrária é o que a França fez na época da revolução francesa”, compara.

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