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Linha Direta

Protestos pró e anti-Maduro deixam pelo menos três mortos na Venezuela

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Manifestações contra e a favor do governo de Nicolás Maduro ocorridas nesta quarta-feira (12), em Caracas e outras cidades venezuelanas, deixaram pelo menos três mortos, 26 feridos e 30 pessoas detidas. Maduro qualificou os protestos convocados por estudantes e a oposição de "tentativa de golpe" de Estado.

Protestos pro e contra governo nas ruas de Caracas. 12 de Fevereiro de 2014.
Protestos pro e contra governo nas ruas de Caracas. 12 de Fevereiro de 2014. REUTERS/Carlos Garcia Rawlins
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Segundo a correspondente em Caracas, Elianah Jorge, as passeatas convocadas pela oposição e pelo governo deixaram um rastro de destruição e morte na capital venezuelana. De acordo com o presidente Nicolás Maduro, este foi “um plano de golpe de Estado”. A imprensa local e internacional enfrentou dificuldades para fazer a cobertura das manifestações.

Inicialmente, os protestos foram convocados por estudantes universitários e pela oposição. O objetivo era apoiar os estudantes do estado Táchira, nos Andes venezuelanos, que há uma semana se manifestam contra a prisão sumária de oito estudantes, que foram levados a um presídio em outro estado sem julgamento prévio. Estes estudantes haviam se revoltado com a tentativa de estupro sofrida por uma estudante dentro do campus da Universidade de Los Andes. Outro fator de insatisfação é a crise estrutural enfrentada pela Venezuela.

O governo decidiu reagir à mobilização da oposição convocando os simpatizantes da gestão Maduro a também sair às ruas. Em Caracas, a manifestação pró-governo transcorreu sem incidentes, mas no momento da dispersão houve choque com militantes de oposição. Um militante pró-governo e um estudante morreram baleados. A terceira morte aconteceu no final da noite, em Chacao, na periferia de Caracas, onde governistas e opositores travaram uma verdadeira guerra campal.

"Golpe de Estado"

Maduro aproveitou uma rede de transmissão obrigatória de rádio e TV para “alertar ao mundo que estamos enfrentando um plano de golpe de Estado”. Ele anunciou que outros protestos só poderão ser realizados no país com a devida autorização do governo. No entanto, Maduro ordenou que os ministros escutem os estudantes nas universidades para conhecer as propostas deles para o Plano de Pacificação Nacional.

Na noite anterior aos protestos, um programa de TV favorável ao governo exibiu uma suposta conversa telefônica grampeada entre Ivan Carratú Molina, ex-chefe da Casa Militar no governo do ex-presidente Carlos Andrés Pérez, e o ex-embaixador venezuelano no Brasil, Fernando Gerbasi, na qual os dois estariam conspirando contra o governo. No final da noite, a Procuradoria da Venezuela emitiu uma ordem de captura contra os dois.

Polícia prende jornalistas

A Conatel, que regula as emissões de rádio e TV no país, já havia alertado que a cobertura de atos violentos poderia violar o artigo 27 da Lei de Responsabilidade Social. Durante o protesto, o canal colombiano de TV a cabo NTN24, que fazia a cobertura ao vivo, foi retirado do ar definitivamente, deixando um vazio de informação em tempo real que foi substituído pelas redes sociais. Pelo Twitter usuários relataram que alguns jornalistas foram presos e/ou tiveram materiais confiscados durante os protestos.

A imprensa escrita também passa por um momento delicado na Venezuela. A falta de papel jornal compromete a publicação dos diários locais. Esta semana, cerca de 300 jornalistas marcharam pelas ruas de Caracas para pedir ao governo a liberação de dólares para que as empresas possam liquidar dívidas e repor os estoques de papel. A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) divulgou ontem seu relatório anual e apontou a Venezuela como um dos países “difíceis” para a prática jornalística.

Clima de intimidação

Na noite de ontem, o diretor do Programa Venezuelano Educação-Ação em Direitos Humanos (Provea), Inti Rodríguez, foi sequestrado e agredido por supostos funcionários do Sebin, a polícia política venezuelana. Os integrantes do Provea responsabilizaram Maduro pela integridade física de Rodríguez, que reapareceu horas depois.

A Anistia Internacional havia pedido às autoridades venezuelanas que garantissem o direito a todos os venezuelanos de se manifestar nas ruas. A organização Human Rights Watch posicionou a Venezuela na categoria de países de “democracia fictícia”.

Maduro declarou esta semana: “não importa que me chamem de ditador”.

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