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Professores e alunos se mobilizam contra expulsão de brasileira da França

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Manifestações estão sendo organizadas contra a expulsão da brasileira Thaís Moreira da França. A jovem, que vive ilegalmente no país desde 2009, onde chegou aos 15 anos de idade, poderia, graças a uma circular do governo, pedir sua regularização, mas teve a solicitação recusada. Ela tem 30 dias para deixar o território francês.

Os colegas da brasileira Thaís Moreira protestaram contra sua expulsão em frente o colégio onde a jovem está matriculada.
Os colegas da brasileira Thaís Moreira protestaram contra sua expulsão em frente o colégio onde a jovem está matriculada. @Marlène Ley
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A história de Thaís Moreira chamou a atenção da mídia francesa essa semana, após uma manifestação organizada, na terça-feira (25), em frente ao Liceu Suger, onde a jovem está matriculada, no último ano do ensino médio. Alunos e professores se reuniram em protesto contra a ameaça da expulsão da brasileira, que chegou na França aos 15 anos de idade para viver com sua mãe, que já morava no país. Ambas estão em situação ilegal, mas no caso da adolescente, uma circular do governo, datando de 2012, autoriza que, após cinco anos de estadia, um imigrante menor peça sua regularização. A regra visa proteger crianças e adolescentes em idade escolar e em situação ilegal de serem expulsos da França.

No entanto, quando Thaís, que mora em Chennevières-sur-Marne, na periferia norte de Paris, deu entrada na documentação para ser regularizada esse ano, a brasileira viu seu pedido ser recusado. As autoridades alegaram que a jovem, que agora tem 20 anos, já é maior de idade e não pode mais beneficiar da circular. Além disso, como Thaís foi ao Brasil em férias em 2010, as autoridades contestam seu tempo de residência na França. A brasileira, que pensava cumprir apenas um procedimento administrativo para obter sua autorização de residência, foi surpreendida por um documento, com data de 7 de março, exigindo que ela deixe o território francês em um prazo de 30 dias.

A jovem contou sua história no colégio e os professores e colegas de classe decidiram se mobilizar. “Nós organizamos uma manifestação em frente a escola, que reuniu entre 100 e 150 professores, pais de alunos e responsáveis políticos. Sem esquecer, é claro, de vários estudandes, entre eles os colegas de classe da Thaís, que participaram com cartazes”, conta Marlène Ley, professora de francês da brasileira, a quem não poupa elogios. “Desde que chegou no país ela se esforçou muito para aprender o francês, língua que fala muito bem. Ela é a melhor aluna da minha classe e segue uma escolaridade exemplar”.

O caso ganhou destaque nos jornais Le Monde, Le Parisien e L’Humanité, além da imprensa regional. Mas a exposição na mídia após a manifestação da última terça-feira assustou Thaís, que não aceita dar mais entrevistas, temendo que isso precipite a sua expulsão.

Associações mobilizadas

A associação Educação sem fronteiras (RESF, na sigla em francês), se mobilizou e lançou um abaixo-assinado em favor da brasileira. Para Pablo Krasnopolsky, membro da RESF, a possível expulsão de Thaís mostra as incoerências da política atual de imigração no país. “A recusa da subprefeitura de Nogent-sur-Marne (região responsável pelo dossier) não tem nenhum fundamento. Thaís vive na França há mais de cinco anos, sua mãe há mais tempo ainda, e ela tem meios-irmãos e meias-irmãs nascidos aqui. Segundo a circular de 28 de novembro de 2012, ela poderia perfeitamente ter sido regularizada”, explica.

A imprensa também comparou o caso da brasileira com o da jovem Leonarda Dibrani, uma uma estudante kosovar de 15 anos, detida pela polícia em outubro passado durante uma excursão escolar e imediatamente expulsa da França com a família. O episódio ganhou grande destaque no país, suscitando inclusive um pronunciamento do presidente francês François Hollande. Mas segundo Krasnopolsky, a situação de Thaís é diferente, pois Leonarda era menor de idade quando foi detida, o que provocou uma onda de indignação nacional. Ele explica que o caso de Thaís é muito mais frequente do que se imagina. “Ela faz parte desses alunos que poderiam ser regularizados e que, ao atingirem a maioridade, são confrontados com a incompreensão da prefeitura (responsável pelas autorizações de permanência no país)”.

A brasileira apelou da decisão e está aguardando a resposta das autoridades. Durante esse período, ela não pode ser expulsa. Os representantes da associação Educação sem fronteiras têm uma reunião marcada para a próxima quarta-feira (2) na subprefeitura de Nogent-sur-Marne para discutir vários assuntos, entre eles o caso de Thaís. Professores e alunos já prometem novas manifestações no local.

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