Reunião entre Maduro e oposição venezuelana deve acontecer nas próximas horas
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A esperada reunião promovida pela União de Países Sul-Americanos, a Unasul, entre a oposição e o governo da Venezuela deve ser realizada nas próximas horas. O presidente Nicolás Maduro chegou a anunciar que o encontro seria realizado na tarde desta terça-feira (8). No entanto, o setor opositor fez uma reunião prévia para ajustar as condições ao diálogo formal que foi adiado e pode acontecer nesta quarta (9) ou quinta (10).
O encontro prévio entre governo e oposição, na tarde de terça-feira, foi para definir como será a conversa mediada pelos chanceleres da Unasul, entre eles o brasileiro Luiz Alberto Figueiredo. Elianah Jorge, correspondente da RFI em Caracas, informa que o presidente Nicolás Maduro se antecipou ao anunciar a reunião com os opositores. A oposição, ao saber da decisão unilateral, fez exigências para se sentar à mesa de negociações ao lado do governo: a libertação dos manifestantes presos, desarmamento de grupos paramilitares ligados ao governo, expansão da comissão de diálogo nacional com integrantes dos dois grupos e que a reunião seja pública.
O encontro entre o governo e opositores pode acontecer entre hoje e amanhã. De acordo com o presidente Nicolás Maduro, o mais provável é que o encontro seja na quinta-feira. Um representante do Vaticano deverá apoiar o diálogo. Mas, enquanto não houver uma petição formal, a Santa Sé não irá intervir, informou monsenhor Diego Padrón.
Oposição está dividida
A oposição demonstrou estar fragmentada, indica a correspondente da RFI. Apenas três integrantes da coligação opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) participaram do encontro: Ramón Guillermo Aveledo, Henry Falcón e Omar Barboza. Maria Corina Machado, a deputada cassada pelo Tribunal Supremo de Justiça, se negou a participar do diálogo “para estabilizar a ditadura” de Nicolás Maduro. Machado também enfatizou que não pode haver conversa antes de libertar o opositor Leopoldo López e os estudantes presos durante as manifestações, que há dois meses deram início a uma crise sem precedentes na Venezuela.
Os estudantes afirmam que a MUD não os representa. Por sua vez, o opositor moderado, Henrique Capriles Radonski, afirma que conversar com o governo não significa interromper os protestos.
Maduro manteve programa de rádio semanal
Ontem à noite, como em todas as terças-feiras, o presidente fez o programa de rádio “Em Contacto com Maduro”. Elianah Jorge diz que as declarações de Nicolás Maduro foram consideradas um balde de água fria na tentativa de minimizar a polarização política no país.
O presidente afirmou que na “Venezuela não há negociação. Não tenho nada para negociar com ninguém. Aqui o que há é um debate, que é diferente de um pacto ou de uma negociação”. Ele também garantiu que a conversa será pública para que a “Venezuela veja este debate”. Maduro defendeu os “coletivos”, como são conhecidos os grupos paramilitares aliados ao governo, e os classificou como uma “força de paz, de criação, como força de vida”. O ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, enviou uma mensagem sugerindo ao presidente Nicolás Maduro para convocar um governo de coalizão para reduzir a tensão política no país.
Protestos continuam
Em San Diego, no estado de Valencia (na região central da Venezuela), onde a situação também é delicada, sobretudo após a prisão e destituição do prefeito, o opositor Enzo Scarano, houve protestos na noite de ontem. Os manifestantes utilizaram um caminhão carregado de combustível para fechar uma das principais ruas da cidade. O veículo acabou sendo incendiado.
Chacao, município opositor da Grande Caracas, foi mais uma vez foi palco das manifestações. Os manifestantes preferem fazer protestos em locais identificados com a oposição pois acreditam estar mais protegidos do que em locais administrados pelo chavismo.
Clique acima para ouvir o Linha Direta com a correspondente da RFI em Caracas, Elianah Jorge
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