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Linha Direta

Para FMI, Brasil é um dos países mais vulneráveis a um choque financeiro

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Durante os encontros de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, ministros de Finanças, presidentes de bancos centrais e economistas estão tendo de discutir problemas complexos que vão além do desempenho econômico mundial e incluem questões de política externa e diplomacia. O FMI alertou que o Brasil é um dos países mais vulneráveis a um choque financeiro, principalmente por causa de suas contas públicas.

Reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, em Washington.
Reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial, em Washington. REUTERS/Gary Cameron
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Ligia Hougland, correspondente da RFI em Washington

A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, disse que a economia mundial está se despedindo da recessão, mas poderia estar melhor. As economias avançadas, como Europa e Estados Unidos, têm dado motivo para certo otimismo. A recuperação da Europa, embora lenta, é firme. É estimado que os Estados Unidos tenham neste ano e no ano que vem um crescimento além da tendência projetada, de 2,8% e 3%, respectivamente. O crescimento global para 2014, de acordo com o FMI, será de 3,6%, ficando acima dos 3% de 2013.

Mas ainda há motivos para cautela. Lagarde está preocupada com o risco de baixa inflação nas economias avançadas e, principalmente, na zona do euro, pois isso pode prejudicar o crescimento e impedir a criação de empregos. A diretora-gerente do FMI também disse que é importante não esquecer que, apesar de as economias avançadas estarem exibindo uma revitalização, são as economias emergentes e em desenvolvimento que continuam a contribuir com mais de dois terços do crescimento global.

Época áurea dos emergentes passou

No auge da crise econômica de 2008 e logo depois dela, as economias emergentes foram bastante elogiadas por terem mostrado resiliência. Mas o momento áureo dos emergentes já passou. Segundo o Monitor Fiscal, um relatório do FMI sobre as contas fiscais dos países, os déficits dos emergentes continuam bem acima de onde se encontravam antes da crise.

Muitos emergentes se valeram de mais gastos e estímulos tributários para driblar a recessão, enquanto que as economias avançadas apostaram no aperto orçamentário e, só agora, estão afrouxando um pouco. Esse contraste em política de macroeconomia tem um pouco da história da cigarra e da formiga. Mesmo assim, os emergentes devem ter um crescimento de 4,9% em 2014 e 5,3% em 2013, o que não é mau. A previsão para a China continua em cerca de 7,5% para 2014 e 2015 e a Índia pode contar com um PIB fortalecido nos próximos dois anos. Já as expectativas para o Brasil não são tão positivas quanto dos seus colegas do grupo Brics.

Brasil vulnerável a choque econômico

O Fundo alerta que o Brasil é um dos países mais vulneráveis a um choque financeiro, principalmente por causa de suas contas públicas. Somente para rolar a dívida oficial e cobrir o déficit fiscal, o Brasil terá de gastar um quinto, ou seja, 19,2% do seu PIB. O país aparece em quinto lugar em uma lista de 24 emergentes quanto à necessidade de financiamento do setor público. Isso não é nada encorajador. O Brasil também é um dos emergentes com a maior dívida pública, abocanhando 66,7% do PIB este ano. O FMI baixou a estimativa de crescimento para o país, indicando agora que seu crescimento será de 1,8%. Em abril passado, o FMI estimava um crescimento de 3,2% para 2014. A economia brasileira está sofrendo também por causa do esfriamento da economia chinesa, preços mais baixos de commodities e a estabilização das economias avançadas.

Em Washington, o presidente do BC, Alexandre Tombini, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentam passar uma mensagem de confiança no país. Tombini diz que o Brasil está bem preparado, inclusive para lidar com a redução dos estímulos nos Estados Unidos e com as taxas de juros americanas, que devem subir em 2015. O presidente do BC reafirmou que o Brasil conta com ferramentas para lidar com turbulências e que construiu "colchões" antes da crise, que garantem uma posição mais confortável para proteger a política monetária brasileira Tombini também disse que a inflação está dentro da meta e os preços estarão sob controle no curto prazo.

O ministro Mantega, durante esta semana nos Estados Unidos, também se mostrou confiante e afirmou que a inflação é passageira. Em Washington, ele já se reuniu com o bloco dos Brics e nesta sexta vai participar da reunião do G20, além de se encontrar com investidores.

Rússia x Ucrânia

O confronto da Rússia com a Ucrânia está sendo discutido nesta semana de reuniões do FMI e do Banco Mundial, mas os dirigentes do FMI e do Banco Mundial evitaram comentar a crise ontem. Algumas fontes dizem que a tensão entre a Rússia e a Ucrânia tem, de certa forma, impedido debates mais produtivos e focados no crescimento econômico global. O FMI e o Banco Mundial enviam a mensagem de que darão apoio financeiro à Ucrânia e preferem não mencionar sanções à Rússia.

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