Imprensa desaprova plano de austeridade do premiê Manuel Valls
A imprensa francesa comenta nesta quinta-feira (17) o "pacto de responsabilidade" apresentado de surpresa ontem pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls. O objetivo desse plano de austeridade é economizar 50 bilhões de euros (155 bilhões de reais) em três anos. Mas a iniciativa não foi uma unanimidade nem mesmo na maioria governista.
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Libération se pergunta até onde irá a indignação dos sindicatos e de parte do Partido Socialista com esse plano. O pacote prevê, entre outras medidas, o congelamento das aposentadorias e de auxílios sociais como o seguro-desemprego.
Com essa economia de 50 bilhões de euros, o governo pretende financiar um esquema para diminuir os encargos sociais pagos pelas empresas e um estímulo ao poder aquisitivo dos franceses, mas sobretudo fazer com que o déficit público caia para menos de 3% do PIB a partir do ano que vem.
Em seu editorial, Libération considera o "pacto de responsabilidade" apresentado pelo premiê muito vago. Em vez de uma reforma estrutural, o plano prevê somente pequenos cortes localizados, diz o jornal progresssista.
"Imprecisa e dolorosa, a conta corre o risco de desagradar a todo mundo, e sobretudo à maioria socialista. Sem nem ter a certeza de que os cortes serão suficientes para encontrar os 50 bilhões de euros esperados em três anos", conclui Libération.
Conservador
Em seu editorial, Le Figaro afirma que o premiê Manuel Valls ofereceu um "catálogo de generalizações", em vez de medidas concretas e detalhadas. Além disso, diz o jornal conservador, o anúncio de ontem incluiu medidas já iniciadas, como a reforma das aposentadorias, e não explica como irá financiar a redução prometida de certos impostos.
Em conclusão, Le Figaro diz que não se pode compreender como a França conseguirá reduzir seu déficit público, conforme as promessas feitas à Europa. E, alerta o jornal, se Manuel Valls ceder aos protestos da esquerda, seu plano, que já é "impreciso e minimalista", se tornaria "insignificante".
O jornal especializado em economia Les Echos também dedica sua manchete ao plano do governo para as finanças públicas. O editorialista do diário afirma que as propostas do governo são pouco claras, e analisa que "a sociedade está pagando a conta dolorosa da ausência de reformas".
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