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Brasileira é eleita vereadora na periferia de Paris

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Professora de História, a brasileira Silvia Capanema, 34 anos, acaba de ser eleita vereadora da cidade de Saint Denis, subúrbio de Paris, pelo PCF (Partido Comunista Francês). Nesta entrevista concedida à RFI na prefeitura da cidade, ela conta como entrou para a política e seus projetos para uma das áreas mais pobres da região parisiense, onde a taxa de desemprego chega a 15% e entre 30% e 40% da população são imigrantes.

A brasileira Silvia Capanema, eleita vereadora em Seine Saint-Denis, na periferia de Paris
A brasileira Silvia Capanema, eleita vereadora em Seine Saint-Denis, na periferia de Paris Foto: (Taíssa Stivanin/RFI Brasil)
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Filha de mãe médica e pai engenheiro, a brasileira Silvia Capanema, 34 anos, eleita vereadora em Saint Denis, no subúrbio de Paris, não nasceu exatamente predestinada para a política. Ainda que seja parente distante de Gustavo Capanema, ministro da Educação entre 1937 e 1945, sua trajetória é inédita na casa dos Capanema de Belo Horizonte, cidade onde viveu até vir para a França. "Ele é primo da minha avó, da cidade de Pitangui, e ela é de Pará de Minas", conta Silvia. "Talvez venha daí a minha veia política!", diz.

O interesse veio cedo: aos 15 anos, Silvia já militava no Grêmio do colégio Loiola, escola tradicional em Belo Horizonte. "Eu era bastante envolvida com a política estudantil secundarista", conta Silvia, que sempre foi de esquerda. Ela acredita que a vontade de atuar na vida pública tenha nascido das experiências que viveu ainda criança. Silvia costumava participar de manifestações no Brasil ao lado de amigos da família, como, por exemplo, durante as primeiras eleições diretas, em 1989.

A brasileira veio pela primeira vez à França em 2001, para participar de um intercâmbio entre sua universidade, a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), e a de Clermont Ferrand, na França. De volta ao Brasil, ela se formou e voltou em seguida para Paris, onde fez Mestrado e Doutorado em História, na EHSS, uma universidade francesa que é considerada uma referência em Ciências Sociais.

Brasileira é professora na Universidade de Saint Denis

Em 2010, Silvia prestou concurso e foi contratada na Universidade Paris 13-Nord, situada em Saint Denis. Foi quando ela se engajou de fato na política francesa, em 2011, participando da campanha do Front de Gauche (Frente de Esquerda), partido de Jean-Luc Mélenchon, candidato às eleições presidenciais em 2012. Foi lá que ela conheceu os integrantes do PCF, o Partido Comunista francês.

A brasileira, formada em Jornalismo, acabou se tornando diretora e editora do jornal da sigla. Logo vieram as municipais, conta. A campanha começou em 2013, num momento delicado: Silvia estava no início na gravidez (seu bebê nascerá em junho), e teve que ficar de repouso, mas acabou sendo liberada pelos médicos e indo em frente. O partido criou então as listas de candidatos para as eleições municipais e Silvia acabou obtendo o número de votos necessário que garantiram uma vaga na Câmara.  "O PCF tem o prefeito, Didier Paillard, e mais nove membros. É o partido majoritário dos pequenos grupos", explica Silvia, uma dos 55 vereadores.

Um dos projetos, aumentar o policiamento na região

Silvia pretende colocar várias ideias em prática durante seu mandato, de seis anos. Uma delas é incrementar a "democracia participativa" e promover eventos culturais no bairro. Criar uma ponte com os moradores também é um de seus objetivos. O outro é a segurança. "Com a precariedade e o aumento da pobreza, houve um aumento de violência e uma diminuição do contigente policial. Queremos que a cidade volte a ter 500 policiais, que é o número para uma cidade de mais de 100 mil habitantes", ressalta.

Para Silvia, o fato de ser brasileira também ajuda em sua vida política. "Mesmo não fazendo parte de uma onda de imigração na França, existem experiências comuns que os imigrantes compartilham. Esta luta no dia-a-dia para adquirir um espaço na sociedade", explica. Em relação às diferenças entre a pobreza e o Brasil e na França, ela é tácita : "isso foi uma das coisas que me chocaram : Saint Denis é visto como um local pobre, sim, tem pobreza, mas em uma escala diferente. Nunca poderá ser comparada a uma favela da Maré, por exemplo. Existe um esforço grande dos serviços públicos. É uma cidade prática, funcional, com cultura e escola pública para todo mundo", conclui.
 

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