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Linha Direta

Presidente do Irã libera Whatsapp, mas não consegue aumentar liberdades

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Um comitê do regime iraniano tentou bloquear o acesso ao aplicativo Whatsapp, que permite a troca de mensagens instantâneas e gratuitas. O pretexto do comitê foi a compra do aplicativo pela rede social Facebook, cujo dono é um judeu-americano, supostamente pró-Israel. O presidente Hassan Rohani decidiu intervir e ordenou que o aplicativo fosse autorizado.  

O presidente do Irã, Hassan Rowhani, trava uma queda de braço com os conservadores do país.
O presidente do Irã, Hassan Rowhani, trava uma queda de braço com os conservadores do país. Reuters/Adrees Latif
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Sami Adghirni, correspondente da Folha de São Paulo no Irã, especial para RFI Brasil

 Desta vez, o aplicativo Whatsapp escapou, mas é possível que, em algum momento, os conservadores tentem mais uma manobra para bloqueá-lo.

O presidente Rohani pode ter levado a melhor até agora na questão do Whatsapp mas, na realidade, ele está perdendo a queda de braço com os conservadores nas questões internas. Um exemplo é o Facebook. Rohani prometeu durante a campanha que as redes sociais seriam liberadas.

O Irã tem uma sociedade apaixonada por internet. São mais de 40 de milhões de internautas no país, o maior contingente do Oriente Médio. Mas os ultraconservadores mantêm a pressão e o Facebook continua bloqueado, assim como Twitter, Instagram e milhares de sites ocidentais.

O presidente também tinha prometido um ambiente menos repressor nas ruas, mas a polícia moral continua prendendo mulheres, acusadas de não usar o véu islâmico da forma correta. Além disso, os principais presos políticos, incluindo dois líderes reformistas, continuam em prisão domiciliar. Dezenas de jornalistas e blogueiros estão atrás das grades e ao menos dois jornais foram banidos recentemente.

Aberturas sim, mas apenas externas

O que mudou foi a mensagem externa, o tom da relação com o Ocidente.

No aspecto diplomático, Rohani não poderia ser mais diferente do Mahmoud Ahmadinejad, que vivia pregando o fim de Israel e questionando o Holocausto. Hoje o Irã conversa normalmente com os ocidentais,até mesmo com os Estados Unidos. A prova é que as negociações nucleares estão caminhando bem até agora.

Mas internamente, está cada vez mais claro que Rowhani não tem poder de cumprir suas promessas de abertura.
O máximo que ele conseguiu foi libertar dezenas de presos políticos e agora esta magra vitória, ao garantir a sobrevivência do Whatsapp. De resto, os ultraconservadores estão levando a melhor.

Conservadores

A teocracia iraniana é um sistema fragmentado e alguns setores, como o judiciário e o aparato de segurança, têm vida própria e não estão sob ordens do presidente. Ou seja, magistrados, agentes de inteligência e alguns militares formam a base da resistência a Rohani. Além disso, também há alguns clérigos e deputados.

Uns se opõem à abertura por razões ideológicas pois, afinal, trata-se de um regime revolucionário. Outros têm medo de perder privilégios políticos e econômicos em caso de mudanças dentro do país.

Mas estes ultraconservadores têm pouco respaldo popular. A maioria dos iranianos quer viver num ambiente de liberdade e, principalmente, em melhores condições econômicas. E isso só vai acontecer se a relação com o Ocidente continuar melhorando. O problema é que o homem mais poderoso do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, está ideologicamente muito mais próximo dos conservadores do que do presidente Rohani.

Acesso ao Facebook

Apesar da proibição, quase todo mundo tem Facebook no Irã. É simples, basta instalar um programa antifiltro que pode ser comprado em lojas de eletrônicos ou de telefonia celular. Existem varios tipos de softwares antifiltros, mas o princípio é o mesmo: eles conectam o seu computador a uma Internet fora do Irã. A partir daí, é possivel acessar qualquer site, mas a navegação fica bem mais lenta…
 

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