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Linha Direta

Enchentes nos Balcãs são as piores em mais de um século

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Grande parte da região dos Balcãs está debaixo d’água por causa das inundações que afetaram um quarto da população de 4 milhões na Bósnia-Herzegovina e milhares de pessoas na Sérvia e Croácia. A escala da catástrofe levou o governo bósnio a comparar as consequências das enchentes à guerra na década de 1990, quando muitos perderam tudo. A União Europeia, EUA e Rússia enviaram helicópteros, equipes de resgate e medicamentos para as áreas mais afetadas. O bloco europeu acionou um mecanismo de ajuda de emergência para ajudar a combater os prejuízos.

Pessoas são evacuadas em Obrenovac, na Sérvia.
Pessoas são evacuadas em Obrenovac, na Sérvia. REUTERS/Marko Djurica
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Letícia Fonseca, correspondente da RFI, em Bruxelas,

São milhares de desabrigados e áreas absolutamente devastadas pelas piores enchentes que atingiram os Balcãs em mais de um século. Segundo as autoridades locais, nos últimos dias choveu o equivalente a três meses na região.

Só na Bósnia, mais de 100 mil casas e prédios foram destruídos e muitas pessoas estão sem água potável e energia elétrica. Até agora, 47 pessoas morreram, mas é bem provável que o número aumente. Milhares de desabrigados buscam refúgio e autoridades se esforçam para organizar ajuda.

O volume das chuvas diminuiu, mas os governos dos três países afetados mantêm o alerta para enchentes, deslizamentos e surtos de infecção.

Cidade sérvia está 90% submersa

É também a de um cenário bem desolador. Uma das áreas mais atingidas pelas chuvas na Sérvia foi a cidade de Obrenovac, perto de Belgrado, que está 90% submersa pelas águas. A maior parte dos 20 mil habitantes já foi evacuada do local. Porém, as pessoas estão com medo do que vão encontrar quando as águas baixarem.

O rio Sava, que corta a capital sérvia, registrou alta histórica com 6,3 metros. Para conter o nível das águas, centenas de voluntários trabalharam durante a noite para reforçar os diques. Foram colocados trezentos mil sacos de areia nos 12 kms de rio que corta Belgrado.

As águas ainda ameaçam a central térmica Nikola Testa, que produz 50% da energia elétrica consumida no país. Em função da situação, a Sérvia irá receber 1 bilhão de euros do Fundo de Solidariedade Europeu da União Européia.

Na Croácia, as tempestades atingiram mais a região leste do país. Quinze mil pessoas foram retiradas de suas casas. Milhares de policiais, soldados, bombeiros e civis estão fortificando as margens do rio Sava.

Preocupações com deslocamentos de minas terrestres

Uma das maiores preocupações é que as enchentes possam ativar as minas terrestres enterradas em território bósnio durante a Guerra de 1992-1995. Sem dúvida, uma herança macabra da guerra da ex-Iugoslávia que deixou cerca de 120 mil minas terrestres enterradas em 9.400 locais na região.

Muitas delas foram enterradas perto dos rios e já mataram 600 pessoas e feriram outras 1.100, nos últimos 20 anos. O grande problema é que as minas podem ter se deslocado por causa dos deslizamentos de terra causados pelas enchentes.

O organismo responsável pela desminagem no país, o BHMAC, alertou também para o fato de que as placas de aviso podem ter sido arrancadas pela força das águas. Um dos perigos eminentes é que quando as pessoas começarem remexer na terra para buscar sobreviventes e pertences enterrados as minas possam entrar em ação.

Tragédia deve durar mais uma semana

Segundo meteorologistas, as inundações vão durar pelo menos mais uma semana, e em alguns lugares, até mais. Espera-se que o nível de inundação em Belgrado aumente a partir da quinta-feira. A catástrofe é tamanha que está superando até mesmo as divisões étnicas da região.

Na Bósnia, país etnicamente dividido, os muçulmanos foram ajudar os afetados das regiões sérvias. Já os muçulmanos atingidos na região de Zenica foram acolhidos em escolas de Zepce, uma localidade croata.

 

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