Prospecção de petróleo em Ibiza assusta moradores e famosos
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A população das ilhas Canárias e Baleares, onde está a badalada Ibiza, está lutando para evitar que duas companhias comecem a explorar petróleo nesses arquipélagos espanhóis. Depois de várias celebridades se unirem à causa, como a modelo Kate Moss e a socialite Paris Hilton, agora é organização Greenpeace quem lançou uma campanha de conscientização sobre os perigos da prospecção do óleo.
O navio Rainbow Warrior, usado nas ações da ONG, partiu de Valência e vai percorrer a costa espanhola para mobilizar a população contra os planos da canadense Cairn Energy e a espanhola Repsol. O Greenpeace se uniu a associações locais para interromper os projetos. A Repsol acabou de receber a autorização do Ministério do Meio Ambiente do país para realizar a prospecção de petróleo ao leste de Fuerteventura e Lanzarote, dois paraísos nas ilhas Canárias.
Julián Barea, coordenador da campanha, destaca que a Espanha era um país de vanguarda nas energias renováveis até ser atingida pela crise econômica. “Nós queremos explicar para as pessoas como podemos ser menos dependentes do petróleo e aumentar a participação das energias renováveis. Não precisamos usar ainda mais petróleo”, afirma. “Os especialistas internacionais, da ONU, nos dizem isso, porque estamos provocando mudanças climáticas muito severas e para evitar isso, precisamos mudar o modelo energético o mais rapidamente possível, se não quisermos ter uma catástrofe climática no final do século 21.”
Apoio de famosos
Nas Baleares, Ibiza pôde contar com o apoio de peso de celebridades e esportistas, que invadem a ilha durante o verão europeu. Os famosos prometem lutar contra a degradação da ilha, conhecida pelas praias paradisíacas e as noites agitadas.
Em 2010, a Clairn Energy recebeu a autorização de explorar quatro locais nas Baleares e na costa de Valência. O acordo para a prospecção de petróleo ainda não foi concedido. Segundo um estudo da consultoria Deloitte, as reservas espanholas poderiam chegar a 2 milhões de barris de petróleo.
Julián Barea acha que todo o apoio é bem-vindo para evitar as operações das petrolíferas, e observa que as negociações estão sendo feitas à revelia dos habitantes.
“O governo está beneficiando claramente os interesses das empresas. A população, as ONGs, os pescadores, o comércio, o governo e os deputados locais estão contra as prospecções. Todo mundo se opõe”, constata. “Mesmo assim, o governo central espanhol concedeu essa autorização para a Repsol, um ato completamente antidemocrático que vai contra a opinião e o desejo da população das ilhas Canárias.”
Pescadores temem por atividade
Pedro Baleda, secretário da associação de pescadores de Ibiza, afirma que o governo espanhol está “surdo” aos apelos da população. Ele teme os efeitos da prospecção de petróleo para os peixes.
“Estamos muito preocupados porque a verdade é que vai ser uma ação muito danosa para a pesca e toda a fauna marinha. Eles vão usar jatos de ar comprimido muito intensos, que vão provocar sismos muito fortes no mar”, diz. “Vai ser como se nós ouvíssemos, em termos de decibéis, um impacto acústico tão elevado quanto a explosão de dinamites no meio do mar. É uma coisa muito grave. Um impacto acústico muito elevado é fatal em especial para os mamíferos, cetáceos e todas as espécies de pescados em geral”, lamenta.
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