Acessar o conteúdo principal
Fato em Foco

Dez anos depois de lançada, sonda espacial Rosetta atinge seu alvo e faz história

Publicado em:

Na manhã desta quarta-feira (6) – madrugada no Brasil –, depois de viajar pelo espaço por uma década, a sonda espacial Rosetta cumpriu uma missão que está sendo saudada como a mais ambiciosa já realizada pelo projeto espacial europeu: ir ao encontro de um cometa distante 500 milhões de quilômetros do Sistema Solar.

Cerimônia de acompanhamento da chegada de Rosetta ao foguete.
Cerimônia de acompanhamento da chegada de Rosetta ao foguete. Credit: ESA/S.Bierwald
Publicidade

Nestes 10 anos de viagem interestelar, Rosetta deu cinco vezes a volta completa ao redor do Sol, pegando força e energia da Terra e de Marte, para então ser lançada como um tiro em direção ao astro. Se a viagem por si só já parece impressionante, o objetivo é ainda mais: a missão de Rosetta, e que ela atingiu hoje de manhã, era a de ir ao encontro de um cometa, o Churyumov–Gerasimenko.

A sonda ficará agora circulando na órbita deste cometa até novembro, quando vai pousar sobre ele. A partir de então, os dois viajarão juntos em direção ao sol. Será a primeira vez na história que uma nave se acopla a um cometa. O presidente do Centro Nacional de Estudos Espaciais da França definiu a proeza com uma frase simbólica: “a ficção se tornou realidade”.

Cometas são relíquias históricas

A função da sonda será de analisar informações sobre o comportamento do cometa. As moléculas orgânicas, por exemplo, podem nos dizer muito sobre o passado deste astro e o papel que ele pode ter tido para a emergência da vida na Terra.

“Os cometas são muito antigos, são restos da formação do Sistema Solar, há 4,5 bilhões de anos. São relíquias que guardam informações”, explica o astrônomo da USP Eduardo Janot. “Eventualmente eles foram importantes na inseminação de vida, ou de moléculas orgânicas, na Terra. É uma velha teoria do astrônomo inglês já falecido Fred Hoyle, que achava que a disseminação de vida pelo universo podia se dar pelos cometas”.

Mas até que Rosetta comece a enviar as informações do astro, são os detalhes da viagem que estão impressionando a comunidade científica. Foi uma verdadeira epopéia, com direito a sobrevoos sobre asteroides e também sobre Marte, de onde ela enviou diversas informações. Depois da passagem pelo Planeta Vermelho, Rosetta desligou o seu sistema para economizar baterias para a sua missão final e mais importante: encontrar o cometa.

Sonda despertou em janeiro

Nos últimos dois anos e meio, a Agência Europeia quase não teve contato com a nave, que ficou hibernando solitária pelo espaço. Foi somente no último mês de janeiro que Rosetta se ligou novamente e deu o primeiro sinal de vida, o que gerou uma grande comemoração na central de controle da Agência.

“Ter a nave de volta é incrível, uma das mais fantásticas aventuras de uma das mais desafiadoras missões espaciais já feitas” declarou na época, Andréa Accomazzo, gerente de operações da Sonda.

Protagonismo europeu no espaço

O sucesso da missão Rosetta acontece no ano em que a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em Francês) completa 50 anos, hoje ostentando o posto de segundo maior projeto espacial do mundo, com orçamento menor apenas que o da NASA.

Foi em 1979 que o foguete Ariane colocou a Europa entre os grandes exploradores do espaço. Com sede em Paris, a Agência é bancada pela União Europeia, com participação de cada país proporcionalmente ao seu PIB. A base de lançamentos fica na Guiana Francesa, que fornece uma posição estratégica para o lançamento de foguetes, já que fica sob a linha do Equador.

Eduardo Janot, que é também o responsável pela parceria entre cientistas brasileiros e a ESA no projeto Plato, explica a importância do sucesso da missão Rosetta para a ascensão europeia na área espacial: “Com a crise financeira mundial, a NASA ficou menos rica e hoje ela frequentemente convida a ESA a participar de missões e dividir as despesas. A ESA vem cada vez mais assumindo um papel de liderança no cenário mundial. As missões hoje são mais frequentes e importantes que as da NASA."

 

Assista a uma simulação da viagem da Sonda Rosetta:

 

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe todas as notícias internacionais baixando o aplicativo da RFI

Página não encontrada

O conteúdo ao qual você tenta acessar não existe ou não está mais disponível.