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Apesar de risco remoto, Brasil se prepara para chegada do Ebola

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A França já teve que lidar nesta semana com o primeiro caso de Ebola no país. Uma voluntária francesa da ONG Médicos sem Fronteiras foi contaminada na Libéria e teve que ser repatriada. O Brasil também tem médicos atuando nos países atingidos pela doença e o intercâmbio cada vez maior com a África coloca em alerta as autoridades sanitárias brasileiras.

Realização de uma simulação no aeroporto de Guarulhos, nesta terça-feira (16), colocou em prática as medidas adotadas em resposta a um eventual caso suspeito de Ebola em viajante internacional.
Realização de uma simulação no aeroporto de Guarulhos, nesta terça-feira (16), colocou em prática as medidas adotadas em resposta a um eventual caso suspeito de Ebola em viajante internacional. Ministério da Saúde
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Prevenir é melhor que remediar. Esse parece ser o lema das autoridades brasileiras para lidar com a eventual enrtada do vírus Ebola no Brasil. Mas José Cerbino Neto, médico infectologista e pesquisasor da Fiocruz, centro de referência nacional na campanha de prevenção, afirma que não há motivo para pânico. Tendo em vistas as particularidades sócio-econômicas do país, a possibilidade de uma epidemia nos moldes da África é remota.

“Os risco de uma epidemia no Brasil com número grande de casos e com transmissão sustentada como tem ocorrido na África é muito baixo, próximo a zero. Mas, o risco de se ter um caso importado, já é um risco real (...), mas a gente ainda considera que é um risco baixo”, afirmou o médico da Fiocruz.

Cerbino Neto também explica que os todos os Estados brasileiros definiram uma estratégia de prevenção com centros de referência treinados e preparados para acolher eventuais casos da doença. Segundo o médico, a Fiocruz trabalha em conjunto a Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde e também está capacitada para fazer o diagnóstico do vírus.

Simulação em São Paulo

No dia 16 de setembro, uma simulação em São Paulo mostrou qual deve ser o procedimento adotado em caso de suspeita de ebola. Já no aeroporto, a recepção do paciente com suspeita de ebola deve ser feita pelo Grupo de Resgate a Urgência e Emergências - equipe formada por bombeiros, médicos e enfermeiros. O médico Luiz Carlos Pereira Jr., diretor do Hospital Emílio Ribas, explica que o paciente seria transportado dentro de uma “maca bolha”, que isola a vítima dentro de uma redoma de plástico. Uma vez no hospital, o paciente é encaminhado em cerca de 4 minutos para a Unidade de Terapia Intensiva em um elevador destinado especialmente para o paciente.

Internamente, “quase 200 profissionais entre médicos, enfermeiros, nutricionistas e equipes de limpeza foram treinados. Ao todo, são 10 equipes do pronto-socorro que já fizeram simulações internas e 5 cinco equipes da Unidade de Terapia Intensiva”, explicou o diretor.

O Hospital Emilio Ribas, na capital paulista, é a unidade de referência estadual para acolher eventuais casos de Ebola. A escolha se deve ao fato de a instituição ter uma experiência de mais de um século na luta contra epidemias e dispor de tecnologia de ponta.

Profissionais de saúde se arriscam

Nos países atingidos pelo Ebola, cerca de 10% dos casos registrados afetam os profissionais de saúde. Para tentar reduzir ao máximo esse risco, o Emílio Ribas "exagera", como explica o diretor no hospital, na prevenção. Os profissionais que podem entrar em contato com os pacientes infectados pelo vírus Ebola receberão uma roupa reforçada e um aparato especial. “Quando se compara com as recomendações de isolamento de contato, estamos até exagerando, mas esse é o mínimo que temos que oferecer aos nossos profissionais. Pelo menos nesse começo”.

Apesar de toda a precaução o presidente da Médico sem Fronteiras, Mego Terzian, afirma que o "risco zero" de contágio não existe. "Nosso pessoal não entra em contato físico direto com um paciente contaminado ou com suspeita de ser portador do vírus Ebola. Mas, infelizmente, não podemos controlar tudo com 100% de segurança. Além disso, também há outros fatores, como o cansaço, o estresse e o excesso de autoconfiança que podem causar esse tipo de acidente."declarou à RFI.

Velocidade de propagação do vírus surpreende profissionais

A virulência da epidemia, que se iniciou no começo deste ano no Oeste da África, surpreendeu a comunidade médica e científica. “As outras epidemias de Ebola que existiram tiveram um número pequeno de casos e que ficaram, em geral, restritos a áreas rurais e restritas a um núcleo familiar ou a uma aldeia. Dessa vez, houve um número muito maior de casos, atingindo áreas periurbanas. Esse é um comportamento epidemiológico totalmente diferente. Mas todos tentam entender porque exatamente isso aconteceu”, avalia José Cerbino Neto, da Fiocruz.

 

 

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