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Contaminação de jovens é principal preocupação no dia mundial de luta contra a Aids

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Essa segunda-feira (1°) marca o dia mundial de luta contra a Aids. Esse ano as autoridades chamam a atenção para a situação dos jovens, que estão entre os mais atingidos pela epidemia, principalmente no Brasil. A RFI ouviu responsáveis da Unaids e da Unicef, que comentam o aumento da contaminação desse público e falam das especificidades nas políticas de prevenção.

1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids.
1º de dezembro, Dia Mundial de Luta Contra a Aids. REUTERS/Stringer
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De acordo com dados divulgados no meio do ano, enquanto o número de novas contaminações apresentou uma queda de 13% na média global, no Brasil esse índice aumentou 11%. Já as mortes atribuídas à Aids subiram 7%, contra uma diminuição de 35% na média global. Além do recrudescimento das estatísticas brasileiras, uma das informações que mais preocupa os especialistas é o fato de que um terço dos novos contaminados são jovens entre 15 e 24 anos.

Para tentar conter a progressão desses números, os especialistas preconizam campanhas adaptadas, já que o jovem brasileiro “não viu a epidemia de 30 anos atrás”, como frisa a diretora da Unaids no Brasil Georgiana Braga-Orillard. “Criamos um grupo de contato para conversar com esse público e entender quais são as mensagens feitas por eles e para eles”.

E portanto o Brasil possui uma posição privilegiada, pois o país respondeu rapidamente à epidemia, como lembra Georgiana Braga-Orillard. “Temos uma estrutura sólida e tecnologia de ponta, com medicamentos feitos no Brasil e distribuídos pelo sistema de saúde público”, ressalta a representante da Unaids. “Mas precisamos trabalhar a discriminação, que ainda faz com que pessoas não acessem esses serviços por medo de serem estigmatizadas. Ainda temos que melhorar esse aspecto para que as pessoas façam o teste e se tratem”.

Tabu e retrocesso

As escolas sempre fizeram parte dos locais usados para a implementação de programas de prevenção voltados para os jovens. No entanto, pesquisas recentes mostram que, muitas vezes motivados pelo preconceito, alguns estabelecimentos tem tornado o acesso a informação mais complexo. “Falar sobre HIV/Aids nas escolas é difícil e nem todo gestor concorda com essa abordagem de implementar programas de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis”, aponta Caio Oliveira, oficial do programa HIV do Unicef no Brasil. Segundo ele, houve retrocesso nesses programas, que já foram mais efetivos.

Em partes, esse obstáculo se deve ao estigma que ainda persiste em torno do vírus da Aids. “Ao contrário da África, onde a epidemia é generalizada, no Brasil ela é concentrada em populações de maior vulnerabilidade, que precisam de estratégias mais específicas”, comenta Oliveira. “Dentro desses grupos podemos encontrar adolescentes homens que fazem sexo com outros homens. E como a homossexualidade no Brasil é um tabu, discutir esse tema e bastante difícil. Os serviços de saúde precisam de capacitação específica para lidar com essas populações”.

Iniciativas inovantes

Numa tentativa de encontrar soluções alternativas, a Unicef apoia alguns projetos inovadores. Um deles é o Fique Sabendo Jovem, um programa de prevenção voltado para adolescentes e jovens entre 15 e 24 anos, composto por um ônibus que passeia pelas ruas de Fortaleza orientando sobre Direitos Sexuais e Reprodutivos. O dispositivo deve ganhar uma versão gaúcha no primeiro semestre de 2015. 

Já a Unaids promove, a partir desta segunda-feira e durante os próximos dez dias em Brasília, a primeira edição da Mostra internacional de filmes Zero Discriminação.

 

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