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Reportagem

Parisienses vão às ruas pela paz e liberdade de expressão

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Aconteceu em clima de paz e tranquilidade a manifestação histórica que reuniu mais de um milhão de pessoas na tarde deste domingo em Paris em homenagem às vítimas dos ataques terroristas contra o jornal Charlie Hebdo e contra uma mercearia judaica, na semana passada na capital francesa, que fizeram 17 vítimas fatais.

Participantes da marcha republicana contra o terrorismo e pela liberdade de expressão
Participantes da marcha republicana contra o terrorismo e pela liberdade de expressão Foto: Reuters
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Os manifestantes levavam cartazes e adesivos com slogans como o já clássico "Je suis Charlie" - eu sou Charlie, em francês -, Charliberté, um jogo com as palavras Charlie e Liberdade, e A República contra o Fanatismo. Eles começaram a chegar à Place de la République ainda pela manhã. A chamada marcha republicana partiu, com atraso de mais de uma hora, por volta das 16h20, com milhares de pessoas caminhando cerca de três quilômetros até a Place de la Nation.

"Eu decidi participar da manifestação antes de tudo pela liberdade de expressão e para que a ironia possa ser compreendida por todos.. As caricaturas não são feitas para insultar diretamente uma pessoa, mas para representar uma ideia. Elas são importantes nesse sentido. Na cultura francesa, a caricatura transmitiu muitas mensagens. Charlie Hebdo e seus desenhistas fazem isso há 40 anos", diz o comerciante Gilles Pailleux, 39.

O psicólogo e professor universitário tunisiano Ahmed Mohamed, 62, que já mora há 40 anos em Paris, diz que essa manifestação representa os valores da França. "É uma chacoalhada pela liberdade, pela defesa e pelos direitos humanos, principalmente pela liberdade de expressão. E pela liberdade de dizer tudo o que pudermos dizer. Esse é o princípio da França: a liberdade, a igualdade e a fraternidade."

Aplausos para a polícia

Os helicópteros que sobrevoavam a área da manifestação, como parte do forte esquema de segurança, recebiam aplausos cada vez que passavam - um reconhecimento também ao trabalho da polícia francesa pela eficiência na localização dos autores do atentado contra a redação do jornal Charlie Hebdo.

A presença de mais de cinco mil policiais e militares nas ruas de Paris também teve como objetivo proteger os mais de 40 chefes de governo e de Estado que vieram apoiar o presidente francês François Hollande neste momento dramático para a França. Participaram da passeata a chanceler alemã Angela Merkel e os primeiros-ministros David Cameron, do Reino Unido, e Benjamin Netaniahu, de Israel, entre vários outros.

Para o gerente Christophe Cheuret, 43, a presença deles é muito importante. "Este é um problema internacional, então é importante que os chefes de Estado de potências aliadas ou não-aliadas tenham vindo aqui para prestar solidariedade após um evento super trágico. A unidade internacional está representada hoje", afirma ele.

Medo do extremismo

Pailleux diz que tem medo do futuro. "Estou primeiramente chocado pelo que aconteceu e tenho quase medo do futuro porque eu acho que haverá um outro atentado. Nos sentimos um pouco como os americanos com o 11 de setembro. E acho que a situação nunca mais será a mesma. Há muitos pessoas que estão mal, e eu faço parte desse grupo. Mas espero que isso melhore no futuro; mas eu tenho medo." Cheuret tem receio dos movimentos extremistas: "Estou triste e temeroso com o crescimento do islamismo radical em todo o planeta. Isso é muito assustador".

Esperança no futuro

Acompanhada de uma amiga, a professora Céline Lecocguen, 21, diz que este é um momento de união de todos os franceses, independentemente de religião, origem ou etnia. "Estamos todos preocupados com o que está acontecendo. Para mim, todos os que estamos na França somos franceses e devemos todos levantar a mesma bandeira, e não criar guetos e fazer guerra. Tenho amigos que não são franceses ou que são descendentes de estrangeiros, mas nós nos amamos", afirma.

E continua: "Nós não temos a mesma religião. Eu sou católica, mas tenho amigos muçulmanos, ateus e judeus. Eu não compreendo esses horrores, e eu vim para me manifestar com os outros porque eu penso que é um dia que vai marcar a França e talvez mudar o estado de espírito das pessoas. Isso seria ótimo".

As pessoas presentes entoaram diversas vezes o hino francês, conhecido como A Marselhesa. Foi um momento histórico de força e união e de valorização da paz e da liberdade de expressão que os parisienses, os franceses e o mundo jamais esquecerão.
 

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