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Ciência e Tecnologia

Novos vestígios confirmam que primeiros humanos da América viveram no Piauí

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A teoria que demonstra que os primeiros seres humanos das Américas viviam no estado brasileiro do Piauí voltou a ganhar força. A equipe da arqueóloga brasileira Niède Guidon, da Fundham (Fundação Museu do Homem Americano), encontrou recentemente novos vestigíos no sítio arqueológico conhecido como “Pedra Furada”, no Parque Nacional Serra da Capivara.

A arqueóloga brasileira NIède Guidon.
A arqueóloga brasileira NIède Guidon. Wikipedia
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Os achados incluem utensílios de quartzo e carvão utilizados em fogueiras, que datam de mais de 20 mil anos – 5 mil a mais do que foi estipulado pela comunidade científica americana, que contesta essa datação. A descoberta foi conduzida pela missão francesa no Brasil, antes chefiada pela arqueóloga brasileira, e hoje liderada pelo francês Eric Boeda, da Universidade Paris 10. A equipe é subvencionada pelo Ministério das Relações Exteriores francês. A brasileira, mesmo aposentada, continua participando da pesquisa.

O trabalho começou em 1973, quando Niède ainda era professora da Sorbonne na França, e envolvia pinturas rupestres. Para datar os desenhos, as equipes iniciaram escavações que, segundo a arqueóloga, forneceram datas diferentes "de tudo o que se acreditava até então". "Segundo os americanos do norte, a América teria sido povoada há cerca de 13 mil anos atrás. Já nessa época, uma das primeiras datações que tivemos, no sítio da Pedra Furada, já era muito antiga: entre 18 e 20 mil", explica a pesquisadora.

Ela mesma, impressionada, pediu ao laboratório na época que conferisse as amostras, que validou os resultados. Desde então, as descobertas se multiplicaram. A datação mais antiga, verificada com carbono 14, chega a 58 mil anos, de acordo com a arqueóloga. Algumas, realizadas por termoluminescência, tinham mais de 100 mil anos.

"Isso gerou uma briga muito grande com os americanos, mas a continuidade das escavações e dos trabalhos aqui provaram que o homem chegou à região há muito tempo. Aqui tinha um clima úmido, com muita água, e aqui eles permaneceram, fazendo todas essas pinturas. Algumas delas com mais de 28 mil anos! Ou seja, similar ao que se encontra na Europa e na Ásia", explica.

"Isso demonstra que o homem se espalhou pelo mundo todo há muito mais tempo do que se pensava. E nas diferentes regiões que ele evoluiu, e evoluiu produzindo praticamente as mesmas coisas, porque somos todos uma única espécie, temos uma formação genética idêntica". Segundo essa teoria, os primeiros hominídeos, antes do Homo Sapiens, foram se espalhando de maneira uniforme em todo o mundo.

Novos objetos validam teoria

Os vestígios encontrados recentemente pela equipe embasaram um novo estudo, publicado recentemente na revista especializada "Antiquity". "Temos muito objetos de pedra lascada em quartzo, mas também em outras matérias-primas. O próximo passo agora é a publicação de artigos em revistas especializadas, o que vem sendo feito pelo pesquisador francês Eric Boeda", diz Niède. "Os americanos se baseiam em descobertas dos anos 40. E depois criaram a teoria do Clovis (que teria sido o primeiro homem americano que veio da Ásia), que nunca foi comprovada", conclui.
 

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