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Fato em Foco

Crianças levam o medo da dengue para dentro das salas de aula

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A epidemia do vírus da dengue que São Paulo está enfrentando repercute fortemente nos hábitos do cotidiano e espalha temor entre as pessoas, que têm medo de ser contaminadas. As crianças também são afetadas e acabam levando esse sentimento de apreensão para a escola.

Crianças discutem a apreensão causada pela epidemia da dengue nas escolas.
Crianças discutem a apreensão causada pela epidemia da dengue nas escolas. Portal EBC
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Mesmo pequenas, as crianças compreendem que tem um mosquito voando por aí que pode fazer muito mal, até mesmo matar.

Como será que as escolas lidam com esse problema? Como explicar a situação sem causar trauma ou pânico?

A professora Leticia Araújo Esteves leciona em uma escola particular na capital paulista, para alunos entre 6 e 10 anos. Eu perguntei a ela se as crianças têm medo da dengue. "Sim, elas têm e isso vira tema em sala de aula. As crianças fazem diversas perguntas pra gente, a gente vai atrás das informações junto com as crianças, para saber quais são as recomendações, que mosquito é esse... Os mais velhos, inclusive, veem algumas experiências como uma faculdade no interior que soltou outros tipos de mosquitos no ar, então, eles vão pesquisar esses estudos, saber se deram resultado ou não. Então, a gente tenta trazer o assunto para dentro da sala de aula e aí, de acordo com a faixa etária", diz Leticia.

Objeto de estudo

A professora também explica que é importante falar sobre a doença, "até porque as crianças estão trazendo todo o tempo essas questões aqui pra dentro da escola. Temos três funcionários que tiveram dengue, o que para uma escola pequena é bastante, então as crianças sentem falta deles, perguntam como foi, como não foi...", diz Leticia, que pensa que o mesmo acontece em outras escolas da cidade por ouvir outros professores contando experiências semelhantes. "A população tem se mobilizado e isso aparece evidentemente na escola", ela conclui.

Graciele Brasil é estudante de Direito na cidade de Lins, no interior de São Paulo; ela contraiu o vírus da dengue e hoje está curada. Ela é mãe de uma menina de um ano e meio, a Clara, que já vai à escolinha; e a dengue também está no programa. "Outro dia fizeram um trabalhinho com as crianças, que são muito pequenas ainda, para conhecerem o mosquito da dengue, até colocaram máscara com nariz pontudo, e cantaram  musiquinha...pra alertar só, eles ainda não entendem muito, acho que é mais pra alertar os pais", pensa Graciele.

Epidemia em São Paulo teve elemento surpresa

O pós-doutor em epidemiologia e pesquisador Ricardo Lourenço, do Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, acha que o Estado de São Paulo foi pego de surpresa por não ser, tradicionalmente, um receptor do vírus. "Não se esperava, talvez, no início desse ano, uma epidemia de tal tamanho como aconteceu em São Paulo. E tradicionalmente, a cidade de São Paulo e algumas cidades do Estado, não eram cidades epidêmicas. Em algumas localidades, havia dengue endêmico em baixa transmissão, houve a entrada de um sorotipo que não estava circulando lá e aí houve uma epidemia", observa o pesquisador; lembrando que em alguns períodos do ano São Paulo não tem boas condições climáticas para a transmissão do vírus, com a queda da temperatura, por exemplo. "O clima não favorecia durante todo o ano de ser endêmico ou de aparecer epidemia, mas aconteceu que neste ano, no verão, aconteceu a epidemia", constata o pesquisador, um dos mais renomados do Brasil.

 

 

 

 

 

 

 

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