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França

Proibição de saias longas nas escolas gera onda de indignação na França

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O caso da estudante muçulmana Sarah, de 15 anos, barrada duas vezes no portão de sua escola porque usava uma saia longa e preta, chocou a França. Na visão dos educadores de uma escola de Charleville-Mézières, no norte da França, a vestimenta usada pela garota é sinônimo de ostentação religiosa. E qualquer símbolo relacionado à religião no ensino público francês é proibido por lei. Mas até onde uma saia pode ser a representação da fé muçulmana?

Uma estudante francesa foi impedida de entrar na escola por usar saia "muito longa".
Uma estudante francesa foi impedida de entrar na escola por usar saia "muito longa". Captura vídeo
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A história de Sarah inflamou as redes sociais na última semana e deu origem ao coletivo Je Porte Ma Jupe Comme Je Veux (Eu Uso Minha Saia Como Quiser, em português). A porta-voz do grupo, Sihame Assbague, acredita que as muçulmanas são cada vez mais perseguidas na França.

"Vejo que o país está indo muito longe sobre essa 'questão têxtil' que envolve particularmente as muçulmanas. É escandaloso que estejamos debatendo hoje o tamanho da saia de uma garota. Há outros problemas e outras prioridades na França. No lugar de educar, os professores estão medindo o tamanho de saias de suas alunas", protesta.

Nas ruas de Paris, a opinião de mulheres, muçulmanas ou não, é de revolta com o caso de Sarah. "Temos direito de nos vestir como quisermos. A saia longa não é obrigatoriamente um símbolo religioso", diz uma estudante. "Eu não sou muçulmana, mas uso saias longas. Vejo outras pessoas, de outras religiões, usando símbolos religiosos e ninguém diz nada contra eles. Acho que o que acontece hoje contra as meninas muçulmanas é muito injusto. Está indo longe demais", declarou outra francesa entrevistada.

Islamofobia

O caso de Sarah não é isolado: em 2014, o Coletivo Contra a Islamofobia na França (CCIF) recebeu quase cem denúncias de casos similares. Desde o início de 2015, a organização trata de cerca de vinte casos. "Observamos que esse fenômeno, que exclui ou a pune as meninas porque considera que a forma que elas se vestem é uma ostentação religiosa, está cada vez mais aumentando nas escolas do país", explica a porta-voz do Coletivo Contra a Islamofobia na França, Elsa Ray.

Para o sociólogo especialista em Educação da Universidade Paris Descartes, Eric Plaisance, a proibição das saias nas escolas é uma medida perigosa e que pode ser encarada como islamofóbica. "Corremos o risco de exagerar nesse controle das roupas dos estudantes porque não sabemos se o que eles portam pode ser considerado um símbolo religioso. Não é possível relacionar a questão da laicidade diretamente ao Islã, caso contrário, caímos no perigo de promover a islamofobia", explica.

Já governo francês lava as mãos sempre que o assunto vem à tona. "Nenhuma aluna será excluída em função do comprimento ou da cor de sua saia", declarou a ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, na semana passada. Por outro lado, a ministra também disse acreditar que a equipe do colégio de Sarah agiu corretamente e que a lei contra símbolos religiosos na educação deve ser respeitada.

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