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Jornais franceses veem Copa do Catar de 2022 ameaçada

A imprensa francesa continua repercutindo as consequências da demissão de Joseph Blatter da presidência da Fifa. Nesta quinta-feira (4), os jornais questionam se a Copa do Catar de 2022, a escolha mais suspeita de corrupção, poderá realmente acontecer.

Capa do jornal francês Libération desta quinta-feira, 04 de junho de 2015
Capa do jornal francês Libération desta quinta-feira, 04 de junho de 2015
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O diário econômico Les Echos considera que a pressão sobre o Catar aumenta com a saída programada de Blatter da direção da Fifa. O jornal destaca que o ex-presidente da Federação Alemã de Futebol, Theo Zwanziger, pediu ontem a suspensão do Mundial no emirado, alegando que o Catar "é um câncer para o futebol mundial". O presidente da Federação Inglesa, Greg Dyke, disse aos dirigentes do Catar que eles "têm motivos para perder o sono". "Declaração racista", respondeu Doha, afirmando que os ingleses nunca aceitaram ter perdido o Mundial para um país do Oriente Médio.

Ataques à parte, a questão é que ninguém nunca entendeu por que a Fifa escolheu um país onde a temperatura pode chegar a 50°C para ser sede do torneio mais importante do futebol mundial. A não ser pela suspeita, que sempre esteve no ar, de que o Catar ganhou a Copa depois de pagar propina aos cartolas da Fifa. Les Echos considera que pelas declarações dos europeus e pela crise interna na entidade, mais o prazo de 7 anos pela frente, é possível que a Copa de 2022 não aconteça no Catar.

Catar: escolha paradoxal

Libération questiona em sua manchete: "afinal, o Catar é um país amigo ou inimigo?". Para o jornal de esquerda, "o emirado é um ator influente e paradoxal no Oriente Médio, que está perdendo a confiança dos ocidentais por financiar grupos jihadistas, como a Frente al-Nusra, na Síria, e o chamado Islã político na França".

Os investimentos do Catar no território francês são volumosos: a família real de Doha é dona do Paris Saint-Germain (PSG), de hotéis de luxo em Paris, de parte do capital de empresas francesas, como os grupos Total, Vinci, Lagardère e Vivendi, além de ter trânsito fácil no Palácio do Eliseu. Porém, o Libération lembra que o Catar "integra o arco sunita que combate países do islamismo xiita em uma guerra de religiões implacável". E acrescenta: "o emirado governado pelo herdeiro da família Al-Thani se apresenta como uma nação moderna no exterior, amiga da cultura, mas internamente é uma ditadura que proíbe os partidos políticos e mantém boa parte da população, composta de imigrantes, em condições análogas à escravidão".

Platini tem cartas na manga

Le Figaro avalia as chances de Michel Platini concorrer à presidência da Fifa. Ouvido pelo jornal, o presidente da Liga Francesa de Futebol, Frédéric Thiriez, reafirma o apoio a Platini e diz que o ex-capitão da seleção francesa faz um excelente trabaho à frente da Uefa, sendo o candidato natural e ideal para presidir a Fifa. ِPara o diário conservador, Platini tem todas as cartas na manga para se lançar na conquista da presidência da federação. O cargo tem vários interessados, como o príncipe jordaniano Ali Ben al-Hussein, derrotado por Blatter na semana passada, o português Luis Figo, o brasileiro Zico, o holandês Michael Van Praag e outros. Mesmo assim, Platini se destaca, mas com um único senão, que pode ser decisivo: o fato de ter apoiado a Copa no Catar.

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