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Snowden comemora mudanças provocadas por vazamentos da NSA

O jornal Libération traz na capa e nas duas páginas seguintes de sua edição desta sexta-feira (5) um artigo escrito por Edward Snowden, ex-consultor da Agência de Segurança Nacional americana (NSA), acusado de espionagem pelo governo dos Estados Unidos. “Exclusivo: nossas vitórias por Edward Snowden”, estampa a manchete do diário.

Capa do jornal Libération desta sexta-feira, dia 5 de junho.
Capa do jornal Libération desta sexta-feira, dia 5 de junho. Reprodução/Libération
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Dois anos após ter revelado a dimensão dos programas de monitoramento da NSA, Edward Snowden confiou o texto à ong Anistia Internacional. O artigo é publicado com exclusividade hoje por quatro jornais: Libération, o americano New York Times, o alemão Der Spiegel e o espanhol El País.

No texto, o técnico em informática explica passo a passo todo o processo da revelação dessas informações. “Há exatamente dois anos, três jornalistas e eu trabalhávamos com afinco em um quarto de hotel em Hong Kong, com a expectativa de saber como o mundo reagiria diante da revelação que a NSA registrava informações relativas à quase todas as ligações telefônicas nos Estados Unidos. Nos dias seguintes, esses e outros jornalistas divulgaram documentos que revelavam que os governos de países democráticos efetuavam um monitoramento das atividades privadas de cidadãos ordinários que não tinham obrigação de provar nada”, escreve.

Snowden confessa o medo de que sua ação caísse na indiferença do público e que, no final, não servisse para nada. “Nunca me senti tão feliz por estar errado. Dois anos depois, a diferença é profunda”, comemora.

O americano também se diz aliviado e satisfeito por seu ato ter resultado em grandes mudanças na sociedade. Entre elas, o fato de o programa de monitoramento da NSA ter sido considerado ilegal pela Justiça americana e o reconhecimento da Casa Branca de que esse programa nunca impediu nenhum ataque terrorista.

O término do rastreamento de massa das ligações telefônicas privadas, em virtude do fim do Patriot Act (Lei Patriótica), é uma vitória para cada cidadão, diz Edward Snowden. Ele cita uma série de progressos sobre a questão nos Estados Unidos, na Europa e até no Brasil. "Na América Latina, os esforços dos cidadãos brasileiros levaram à adoção do Marco Civil, a primeira declaração sobre os direitos da internet no mundo. Esse é o poder de um público informado", escreve o ex-agente da NSA, que segue exilado na Rússia.

Geração "pós-terror"

“Nossas relações de força começam a mudar. Nós assistimos à emergência de uma geração pós-terror, que rejeita uma visão do mundo definida por uma tragédia particular. Pela primeira vez depois dos atentados de 11 de setembro, nós diferenciamos os contornos de uma política que vira as costas ao medo de abraçar a resistência e a razão”, publica Snowden.

Para o ex-agente da NSA, cada vez que a justiça reconhece suas falhas e dá razão aos cidadãos, modificando a legislação, demonstra-se que os fatos são mais convincentes que o medo. “Como sociedade, nós redescobrimos que o valor de um direito não se mede pelo que ele esconde, mas pelo que protege”, conclui.

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