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Fato em Foco

Yamandu Costa se apresenta na recém-inaugurada Filarmônica de Paris

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Depois de passar pelos principais palcos da capital francesa ao longo dos últimos anos, entre eles o Théâtre des Champs Elysées e o Museu do Louvre, o violonista Yamandu Costa fará a estreia da música brasileira na recém inaugurada Filarmônica de Paris, um impressionante complexo de espetáculos que custou € 380 milhões. O gaúcho será acompanhado por cerca de 20 músicos da Orquestra de Paris.

Yamandu em uma das salas de ensaio da nova Filarmônica de Paris (veja mais fotos no fim desta página).
Yamandu em uma das salas de ensaio da nova Filarmônica de Paris (veja mais fotos no fim desta página). Gabriel Brust/RFI
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A RFI conversou com Yamandu na sala de ensaios da Filarmônica, onde ele se preparou, durante dois dias, para as apresentações do fim de semana. “Já cheguei meio cansado, porque vou fazer três concertos”, brinca o violonista.

No sábado (13), Yamandu apresenta o concerto para guitarra, bandeon e orquestra de cordas Hommage a Liège, de Astor Piazzolla (“é super bonita e tem toda a tradição do tango”). O grande momento deve ser o domingo, em que tocará Concerto d'Aranjuez, de Joaquin Rodrigo (“dificílima tecnicamente”).

“Como sou um músico popular, que não me criei lendo música, quando pego um trabalho desses, eu hiberno dentro da música, porque não tenho facilidade para ler partituras. Tenho que decorá-la da minha maneira. É um aprendizado mais popular”, explica Yamandu, sobre os meses de preparação para as duas noites.

O destaque do show de domingo, no entanto, deverá ser uma composição própria, o concerto Fronteira, composto originalmente para uma apresentação com a Orquestra do Mato Grosso (clique no áudio no alto da página para ouvir um trecho). A orquestração da peça é assinada pela mulher de Yamandu, a violonista francesa Elodie Bouny. É dela a responsabilidade de passar as ideias do parceiro para o papel: “Na primeira etapa, ele fala tudo que tem na cabeça, vai me dizendo a estrutura, é um verdadeiro brainstorm durante vários dias”, conta Elodie.

Em seguida, vem o trabalho formal. “Eu anoto tudo e daí vem a minha contribuição. Organizo o material, penso e distribuo as informações para a orquestra. Meio que sou uma mão técnica neste momento, já que ele não tem essa formação. Mas sempre com o cérebro dele. É um trabalho muito junto”, explica a violonista.

Do baile do interior

Na direção musical dos dois espetáculos está a jovem, porém consagrada, regente mexicana Alondra de la Parra. Yamandu diz que trabalhar com ela e com os músicos da Orquestra de Paris é um aprendizado. “O ensaio com a Alondra foi muito interessante. São maneiras diferentes de fazer música. Eu sou um cara que veio do baile de interior, lá dos confundós. Poder ter este tipo de experiência musical, ver o compromisso e o respeito que eles têm com o trabalho da música aqui, é uma oportunidade única. É um sonho.”

Lá se vão quase 10 anos que Yamandu fez sua estreia nos palcos de Paris. Ele diz que segue tocando da mesma maneira “livre” desde aquela primeira noite no Théâtre des Champs-Elysées, em 2007. “Hoje estou muito mais vivido, mas sempre correndo atrás do aprendizado. Ainda toco de uma maneira muito ingênua, arte pura, pedra bruta. E essa música de concerto exige outra coisa, um acabamento estético e sonoro com o qual, quem vem da música popular, não está acostumado.”

Mas ele sabe que é justamente essa diferença que buscam as orquestras francesas que lhe convidam para voltar quase anualmente ao país. “Eu trago o frescor de um intérprete que toca mais livre. Na escola da música popular, tocamos de maneira mais descontraída, o erro vira acerto. Acaba sendo bom para os dois lados.”

Os concertos de Yamandu Costa na Philarmonie de Paris, ao lado da Orchestre de Paris, ocorrem no sábado, às 19 horas, e no domingo, às 20h.

 

 

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