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Linha Direta

Saiba o que pode acontecer se a Grécia sair da zona do euro

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No momento em que as negociações entre Atenas e seus credores estão, mais uma vez, em um profundo impasse, a correspondente da RFI em Bruxelas, Letícia Fonseca, explica as consequências de uma eventual saída da Grécia da zona do euro.

Parlamento grego em Atenas com cartaz durante manifestação pró-governo pedindo que os credores internacionais do país (FMI e UE) amenizem as cobranças.
Parlamento grego em Atenas com cartaz durante manifestação pró-governo pedindo que os credores internacionais do país (FMI e UE) amenizem as cobranças. REUTERS/Yannis Behrakis
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Vários governos europeus receiam que o calote da dívida grega e a saída da Grécia da zona do euro possam causar um certo pânico nos mercados financeiros, desestabilizando a moeda única europeia, e trazendo repercussões negativas para o mundo.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou que a saída da Grécia poderia provocar consequências "inimagináveis". Na Alemanha, a questão virou uma prioridade governamental. A chanceler Angela Merkel afirma que fará tudo para manter a Grécia na zona do euro. Para Merkel, se o euro fracassar, toda a Europa fracassa. Isto poderia ser o fim da zona do euro e de sua liderança na Europa.

Consequências da volta do dracma

Em uma perspectiva pessimista, se a Grécia sair da união monetária, o cenário não será nada alentador. Em um primeiro momento, a moeda grega – o dracma – voltaria a circular, o que poderia significar uma perda de poder aquisitivo. A dívida com os credores continuaria tendo que ser paga em euro, se transformando em uma missão quase impossível. Com o dracma desvalorizado, não haveria mais empréstimos para o país. As grandes fortunas da Grécia voltariam a se refugiar em destinos mais seguros, aumentando assim o risco da quebra dos bancos nacionais.

Segundo previsões do FMI, os gregos passariam a enfrentar a hiperinflação. Empresas falidas, pobreza e desemprego também aumentariam.

Nova reunião do Eurogrupo

Sem avanços, os ministros das Finanças da zona do euro se reúnem em Luxemburgo, nesta quinta-feira (18), para tentar reiniciar as negociações bloqueadas. O governo grego diz estar preparado para duas possibilidades: acordo ou desacordo. O encontro é considerado decisivo para evitar que a Grécia dê o calote nos credores internacionais.

As previsões são pouco otimistas. Ontem, o Banco Central da Grécia admitiu o risco do país deixar a zona do euro e provavelmente a União Europeia. O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, continua a se mostrar inflexível com as exigências de Bruxelas, como corte de pensões e aumento de impostos. Os europeus acusam o governo de Atenas de não apresentar claramente as reformas que pretende implementar. Nos últimos dias, as negociações entre a Grécia e seus credores fracassaram. Atenas estaria disposta a assumir alguns compromissos em troca de um perdão parcial da dívida, mas a Alemanha, que detém a maior parte da dívida grega, é contra.

Estratégia de Tsipras

O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, é um político esquerdista que tem a coragem de lutar contra os credores internacionais. Certamente sua estratégia é de alto risco, mas o premiê tem o apoio de quase 60% dos gregos. É possível que Tsipras ainda guarde cartas na manga para costurar um acordo. Em negociações sempre existe essa possibilidade. Faz parte do jogo. Mas a verdade é que não há mais tempo para esse impasse, que já dura cinco meses, entre Atenas e seus credores.

No dia 30 de junho, o governo grego terá que pagar € 1,6 bilhão ao Fundo Monetário Internacional. Outros € 6,7 bilhões devem ser pagos ao Banco Central Europeu em julho e agosto. A Grécia não tem esse dinheiro e precisa urgentemente da última parcela do atual programa de resgate, de € 7,2 bilhões para honrar seus compromissos.

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