Jornais reconhecem habilidade política do premiê grego Alexis Tsipras
As tensas negociações com a Grécia dominam as manchetes neste sábado (11) na imprensa francesa. O jornal Le Monde explica as razões que levaram o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, a obter o apoio do Parlamento às propostas de reformas que ele apresentou ao credores. As medidas continuam sendo um remédio amargo para os gregos.
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Como se explica que cinco dias depois de 61% dos gregos rejeitarem o plano de austeridade no referendo, Tsipras tenha conseguido uma tal reviravolta no Parlamento? A resposta é simples, esclarece Le Monde. Até o referendo, o Eurogrupo não admitia abordar a renegociação da dívida grega. Com a rejeição maciça, a reestruturação da dívida colossal de € 322 bilhões da Grécia, equivalente a 180% do PIB, passou a fazer parte da agenda futura de negociações. Isso foi o suficiente para desencadear mudanças no Parlamento grego.
Tsipras obteve o apoio da oposição. Os deputados socialistas do Pasok, os conservadores da Nova Democracia e os centristas do To Potami votaram a favor do projeto do premiê grego, que pôde superar em número de votos a resistência da base governista de esquerda.
Hollande: papel fundamental
Le Monde destaca o papel fundamental do presidente francês, François Hollande, nas negociações. Técnicos franceses ajudaram na elaboração do plano grego e Hollande faz tudo o que está ao seu alcance para convencer a chanceler alemã, Angela Merkel, a evitar a saída da Grécia da zona do euro. Hollande tem sido eficaz.
O diário convervador Le Figaro afirma que "desta vez a bomba grega parece ter sido desativada". O jornal refere-se ao premiê grego como "um acrobata", por ele ter permitido ao povo se expressar nas urnas e ao mesmo tempo reunir um amplo apoio parlamentar. "Mesmo se o acordo em discussão for fraco, todos podem se felicitar pelo epílogo feliz que Tsipras está proporcionando aos europeus", escreve o Figaro. "Já é possível celebrar uma grande reconciliação no bloco em nome do ideal europeu", acrescenta.
O jornal Libération afirma em seu editorial que a França, que tantos dizem "isolada e sem voz no cenário mundial", poderá festejar o papel decisivo que teve nessas negociações. "A batalha travada entre liberais e militantes de extrema-esquerda caminha para um final feliz social-democrata", conclui o Libération.
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