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Reportagem

Brasileiros suspeitos de matar garoto de programa viajaram ao norte da França para cometer o crime

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O crime que chocou a região de Reims, no norte da França, no início deste mês, envolve três brasileiros: um casal, supostos assassinos, e a vítima fatal, Leonardo, um garoto de programa transexual de 34 anos. Segundo a polícia, o homem e a mulher apontados como autores do homicídio conheciam o rapaz e viajaram à pequena cidade de Troyes com o objetivo de matá-lo.

Foto do jornal L'Est Éclair mostra a fachada do prédio onde o garoto de programa brasileiro foi morto, em Troyes, no norte da França.
Foto do jornal L'Est Éclair mostra a fachada do prédio onde o garoto de programa brasileiro foi morto, em Troyes, no norte da França. http://www.lest-eclair.fr
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O corpo de Leonardo foi encontrado com 29 facadas no último dia 9 de julho em um apartamento na cidade de Troyes. Ao lado dele, ferido, estava um amigo equatoriano de 23 anos, que segue internado em um hospital local.

Os supostos autores do crime, um homem e uma mulher na faixa dos 40 anos, foram presos em Santander, na Espanha, no sábado passado, depois que as autoridades francesas emitiram um mandado de prisão europeu. Eles teriam fugido da França logo após a agressão e deram entrada em documentos para fixar residência na Espanha. Os suspeitos serão extraditados à França, onde devem ser interrogados por um juiz, na próxima terça-feira (28).

Motivo do crime é desconhecido

De acordo com uma fonte da polícia judiciária de Reims, que não quis se identificar, o casal de brasileiros conhecia o garoto de programa, mas o motivo do crime ainda não foi estabelecido. "Todo o trabalho de investigação se concentra agora em tentar compreender porque esse homem e essa mulher vieram à Troyes assassinar o garoto de programa. Não sabemos até o momento o que motivou o assassinato. Isso somente a investigação poderá estabelecer".

A polícia não revelou a identidade do casal ou da vítima, bem como suas cidades de origem no Brasil. Leonardo era o "nome de guerra" do garoto de programa. A RFI, a fonte revelou que o rapaz não morava em Troyes, mas estava de passagem para exercer trabalhos sexuais. Ele  estaria inscrito em vários sites de prostituição na internet e viajava pela França para oferecer seus serviços.

Prostituição de brasileiros aumentou na Europa

A ativista brasileira Camille Cabral, ex-vereadora em Paris e fundadora da organização Prevenção, Ação, Saúde e Trabalho Para os Transgêneros (Pastt), nota que o número de brasileiros que vêm à Europa se prostituir, a maioria na faixa dos 20 anos, aumentou muito nos últimos cinco anos, especialmente na França e na Inglaterra. "Na prostituição de rua há poucos brasileiros, mas o aumento de garotos de programa é observado principalmente em saunas, discotecas e festas privadas, gays ou heterossexuais", diz.

Na França, a prostituição em si é legal, se não for praticada em locais públicos, mas a exploração da atividade é considerada um crime. Da América do Sul, além de brasileiros, argentinos e peruanos são numerosos na França.

Segundo Camille, os trabalhadores do sexo que deixam o Brasil para vir à Europa se deparam com as dificuldades econômicas do Velho Continente e o aumento da concorrência, especialmente entre as mulheres. "Os poucos clientes são muito disputados, o que diminuiu o preço das prestações de serviço. O que custava de € 80 a € 100 diminiu para € 40 a € 50", observa.

Prostitutas, imigrantes e ilegais

A maioria dos homens e mulheres que se prostituem na França são estrangeiros. De acordo com Morgane Merteuil, porta-voz Strass, Sindicato francês do Trabalho Sexual, a ilegalidade de grande parte dos garotos e garotas de programa é a questão mais urgente da categoria, que sofre, além da violência no quotidiano, a repressão policial.

"É preciso colocar um fim na violência policial, relacionada à repressão dos trabalhadores do sexo em geral e de pessoas que estão ilegais na França, sem documentos, imigrantes, clandestinos, etc. Frequentemente, os garotos e garotas de programas são perseguidos simplesmente por serem clandestinos. É difícil separar essas duas questões: pessoas que são reprimidas por se prostituírem e por não terem documentos", protesta a porta-voz.

Segundo a Pastt, não há estatísticas oficiais sobre número de garotos e garotas de programa na França. Camille Cabral diz que, nos últimos cinco anos, a organização prestou assistência a cerca de mil trabalhadores do sexo, entre eles, cerca de 200 brasileiros e brasileiras.

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