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Linha Direta

Japão justifica volta de energia nuclear por motivos econômicos

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O Japão reativou hoje o primeiro reator nuclear desde o desastre de Fukushima em 2011. Depois da tragédia, todos os 43 reatores em condições de operar no Japão tinham sido desativados, mas, depois de passar por novos e rigorosos testes de segurança, a Companhia de Energia Elétrica de Kyushu conseguiu permissão para religar o reator número um da usina nuclear de Sendai, localizada na região sudoeste do Japão. A retomada da produção de energia nuclear foi marcada por protestos no Japão.

Vista aérea dos dois reatores da planta nuclear de Sendai, no Japão, nesta terça-feira, 11 de agosto de 2015.
Vista aérea dos dois reatores da planta nuclear de Sendai, no Japão, nesta terça-feira, 11 de agosto de 2015. REUTERS/Kyodo
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Ewerthon Tobace, correspondente da RFI em Tóquio

Depois de meses de debate sobre a questão da segurança, o Japão decidiu que vai retomar a produção de energia nuclear. A Companhia de Energia Elétrica de Kyushu, operadora da usina nuclear de Sendai, na província de Kagoshima, reiniciou a operação de um de seus reatores às 10h30 da manhã desta terça-feira no Japão.

Esta foi a primeira reativação desde que o Japão estabeleceu critérios mais rígidos de segurança atômica introduzidos após o acidente nuclear provocado pelo terremoto e tsunami do dia 11 de março de 2011, em Fukushima.

Num discurso na tarde de ontem, o primeiro-ministro Shinzo Abe defendeu a retomada da energia nuclear e pediu que a operadora tome todas as precauções para garantir a segurança em primeiro lugar. Segundo divulgou a imprensa japonesa, mais de US$ 100 mil foram gastos somente com novos sistemas de segurança na usina de Sendai.

Produção de energia

Desde o começo deste mês, o reator número 1 da central de Sendai estava sendo abastecido com combustível. A unidade passou então por uma fase final de inspeções da Autoridade Reguladora Nuclear do Japão e, segundo um comunicado da operadora, a expectativa é de que o reator comece a produzir energia na próxima sexta e atinja a capacidade máxima em meados do próximo mês.

Se os planos da operadora correrem conforme o previsto, em outubro outro reator de Sendai volta a funcionar. Na sequência, outra usina, a de Takahama, no oeste do Japão, também pode ter os reatores religados. No total, 25 reatores estão na fila para serem avaliados e, assim, voltarem a produzir energia.

Economia

A reativação da usina nuclear de Sendai representa uma vitória para o primeiro-ministro, Shinzo Abe, que insiste que sem a energia nuclear a economia japonesa pode entrar em colapso por causa do aumento dos gastos relativos a importações de petróleo e de gás natural.

A Companhia de Energia Elétrica de Kyushu estima que a volta do funcionamento do reator n°1 da central de Sendai pode reduzir em US$ 60 milhões por mês os gastos com combustíveis fósseis.

Além disso, o Japão quer cortar radicalmente as crescentes emissões de gás carbônico.

População é contra

Segundo indicam as pesquisas de opinião pública, a maior parte dos japoneses é contrária à reativação pelo temor de um novo acidente. Diversas manifestações ocorreram pelo Japão por conta da decisão.

Além disso, os moradores próximos a planta de Sendai lembram ainda dos potenciais perigos de vulcões ativos na região.

Opositores da energia nuclear e especialistas também estão preocupados com os planos de evacuação, em caso de desastre, pois o governo não divulgou muitos detalhes.

Uma pesquisa realizada pelo jornal Asahi revelou, por exemplo, que apenas dois dos 85 centros médicos e 15 dos 159 centros de saúde dentro de um raio de 30 km da usina de Sendai tinham planos de evacuação adequados.

 

 

 

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