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Linha Direta

Filme produzido pelo Netflix desagrada aos “puristas” no Festival de Veneza

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Começa nesta quarta-feira (2) o Festival de Veneza, um dos eventos mais importantes do calendário do cinema mundial. Até o dia 13, a cidade italiana vai mostrar os mais novos filmes de nomes importantes do cinema autoral, como o russo Alexander Sokúrov e o italiano Marco Bellochio. Mas Hollywood também terá presença expressiva – Johnny Depp, Kristen Stewart e Eddie Redmayne são aguardados no tapete vermelho na ilha do Lido, onde acontecem as projeções.

72º Festival de Veneza começa nesta quarta-feira, na Itália.
72º Festival de Veneza começa nesta quarta-feira, na Itália. REUTERS/Stefano Rellandini
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Bruno Ghetti, correspondente da RFI Brasil na Itália.

Será a 72ª edição do festival que, antes de começar, já traz algumas controvérsias, como a escolha dos filmes que vão competir pelo prêmio principal, o Leão de Ouro. Pela primeira vez um festival de grande porte incluiu na briga um filme produzido por um serviço de streaming na internet, o Netflix. O longa se chama Beasts of No Nation e é dirigido por Cary Fukunaga, famoso pela série True Detective.

E como é uma produção original do Netflix, depois do festival ele vai estrear simultaneamente no próprio site e também em salas de cinema pelo mundo. Muitos grupos de salas exibidoras já disseram que vão boicotar o longa – porque é aquela questão: um filme estrear na internet ao mesmo tempo que em salas não poderia prejudicar as bilheterias?

E Veneza é um festival de “cinema”, antes de tudo, então o simples fato de incluir uma produção original da internet na disputa já causou rebuliço. Mas, em termos de marketing é bom, porque chama a atenção para o festival.

Scorsese cortado

Teve também filme que ia participar e que foi cancelado de última hora, o curta de Martin Scorsese The Audition. É curioso porque o filme mostra os dois “musos” do diretor, Leonardo DiCaprio e Robert DeNiro, juntos pela primeira vez. Na trama, eles disputam o papel em um filme do próprio Scorsese.

O curta estava programado, mas como é, na verdade, um spot publicitário de um cassino asiático, muita gente não gostou de ver um festival como Veneza dando espaço a um filme de propaganda, tirando a chance de outros mais artísticos de serem exibidos. Não se sabe se foram as reclamações, mas o fato é que, de última hora, o festival cancelou a exibição do filme, alegando “problemas técnicos”. Seja como for, é uma pena, porque que deve ser no mínimo divertido.

Historicamente, Veneza sempre priorizou a exibição de filmes mais “artísticos”, muitas vezes sem maior apelo com o grande público. Embora isso dê prestígio, não dá tanta repercussão de mídia. E de uns anos pra cá, a situação só piorava, com o Festival de Toronto, que acontece mais ou menos na mesma época, “roubando” os astros internacionais pra lá.

Cinema brasileiro

Mas neste ano, os diretores dos dois festivais rivais resolveram negociar, fazer as pazes, e então Veneza vai ter muita gente famosa. E a grande prova de que há um interesse de Veneza se tornar mais atraente está no filme escolhido pra abrir o festival, Everest, grande produção que traz nomes como Jake Gyllenhaal, Sam Worthington e Keira Knightley. Ou seja: garantia de tapete vermelho estrelado e muitas fotos nos jornais e sites.

O Brasil tem filmes, mas de novo fora de competição. Aliás, já está virando uma tradição: desde 2008, nenhum brasileiro concorre ao Leão de Ouro. Mas dois nacionais serão exibidos na mostra Orizzonti, que é a segunda mais importante. Um deles é Boi Neon, dirigido pelo pernambucano Gabriel Mascaro. E o outro é Mate-me, por Favor, da carioca Anita Rocha da Silveira.

 

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