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Alexis Tsipras busca nova legitimidade em eleições legislativas na Grécia

As eleições legislativas deste domingo (20) na Grécia monopolizaram os jornais franceses deste final de semana. A imprensa destaca o aprendizado forçado e o “realismo” do ex-primeiro-ministro Alexis Tsipras, que foi obrigado a assinar um acordo com os credores do país e busca nova legitimidade para comandar o governo grego.

Alexis Tsipras durante um comíciod e campanha, em Atenas.
Alexis Tsipras durante um comíciod e campanha, em Atenas. REUTERS/Stoyan Nenov
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Para o jornal Le Monde, Alexis Tsipras foi obrigado a “se converter à realidade”, e seu acordo feito com os credores do país pesa na atual campanha para sua volta ao poder.

O vespertino francês destaca que nos sete meses em que foi primeiro-ministro da Grécia, Tsipras envelheceu e engordou uns quilos e "seu sorriso está mais tenso e já não brilha tanto no seu rosto".
Outro aspecto que Le Monde viu desaparecer da campanha de Tsipras foi a palavra "esperança", que ele encarnou na primeira passagem pelo governo.

A renovação pretendida pelo partido da esquerda radical Syriza evaporou durante as negociações "intermináveis e violentas" com o trio de credores do país e com a assinatura do acordo para manter a Grécia na zona do euro. Resta a Tsipras o discurso da juventude e da oposição à velha política grega, destaca o jornal. Ele tenta convencer os eleitores que a aplicação do plano aos gregos será "menos dolorida" com o Syriza.

Le Monde acha curioso que os dois partidos que estão empatados tecnicamente na disputa - o Syriza e o Nova Democracia- façam campanha praticamente usando o futuro como slogan. O medo da saída do país da zona do euro e a rejeição ao acordo da Grécia com os credores desapareceram do eixo central das discussões, exceto para os partidos da extrema-direita e o comunista.

O jornal francês lembra que uma semana depois do referendo no qual o povo grego recusou as medidas de austeridade, Alexis Tsipras teve que se curvar às exigências dos credores, o que significou, nas palavras do Le Monde, "uma apunhalada no homem de esquerda que ele se mostrava".

Um cientista político grego ouvido pelo jornal afirma que Tsipras "fez a escolha pelo realismo, mesmo que tenha custado caro para a sua imagem". "Bruxelas acompanha com muita serenidade a votação grega, e uma vitória de Tsipras garantiria a mais ampla maioria para aplicar o plano de resgate do país", afirma Le Monde.

Plano pode ser mais duro com a direita

Um pouco mais reticente, Libération questiona em sua manchete se Alexis Tsipras, apresentado como “ex-campeão da luta antiausteridade” poderá mesmo se manter no poder após uma eventual vitória no domingo. Para o jornal, o líder do partido Nova Democracia, Evangelos Meimarákis, despertou o interesse da direita conservadora no país e "apimentou" as eleições legislativas.

Libération quer saber o que se passa realmente na cabeça de Alexis Tsipras. Depois da difícil queda de braço com os credores do país ele pediu demissão provocando a antecipação das eleições em busca de nova legitimidade, sugere o diário.

As eleições não acontecem no mesmo clima de medo, como na votação do começo do ano, mas elas não trazem nenhuma esperança, diz o texto. Independentemente de quem sair vitorioso das urnas, o plano para o país vai ser aplicado da mesma maneira, daí o desinteresse dos eleitores observado pelo Libé.

A única grande surpresa dessa votação, segundo o jornal francês, é o próprio candidato da Nova Democracia, um bigodudo de 61 anos que trouxe mais vigor à oposição de direita.

Em editorial, Libération afirma que se não fossem os desapontados com o Syriza, o ex-premiê Tsipras chegaria facilmente em primeiro lugar nas urnas. Mas a divisão na esquerda deverá favorecer o partido conservador Nova Democracia, que, se sair vencedor, irá aplicar uma plano de austeridade ainda mais severo ao povo grego.

Recado da UE: respeitem o acordo.

Le Figaro lembra que neste domingo os eleitores gregos vão às urnas pela terceira vez no ano. Desta vez, para eleger 300 novos deputados e um novo chefe de governo. Para o jornal conservador francês, Alexis Tsipras vai para o "tudo ou nada" nesta eleição que está muito incerta.

A campanha, que não provocou interesse no eleitorado, ficou concentrada no pedido de uma "segunda chance" para Tsipras e nas críticas da oposição do Nova Democracia de que o ex-chefe de governo é incompetente e deve ceder seu lugar a uma nova equipe.

O jornal constatou que muitos jovens ficaram extremamente decepcionados com o partido Syriza, que acabou jogando a toalha e se curvando aos credores do país. Le Figaro também constatou que Bruxelas e líderes europeus como Angela Merkel não se intrometeram na campanha. Apenas o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, pediu que "a Grécia respeite o acordo assinado, seja qual for o vencedor das urnas".

 

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