A Grécia foi às urnas no domingo (20) pela terceira vez somente este ano. Dessa vez, os gregos escolheram os 300 deputados do Parlamento do país. O partido de esquerda, Syriza, saiu mais uma vez vitorioso, confirmando Alexis Tsipras como futuro premiê grego.
Sandro Fernandes, especial para a RFI, de Atenas,
O Syriza, Coalizão Radical de Esquerda, conquistou 145 cadeiras do Parlamento grego, contra 75 do partido de direita, o Nova Democracia. O terceiro partido mais votado foi o Aurora Dourada, de extrema-direita, com um forte discurso anti-imigração. O Aurora Dourada conquistou 7% dos votos, o que lhe garante 18 cadeiras no Parlamento.
A maioria absoluta no Parlamento grego é atingida somente com 151 cadeiras e, como eu disse, o Syriza conseguiu 145. O partido vai repetir a coalizão que já tinha sido feita nas eleições de janeiro, com o partido Gregos Independentes, de direita, que obteve 10 cadeiras.
Ou seja, o governo grego continua sendo uma coalizão entre a esquerda de Syriza e a direita do partido Gregos Independentes. Tsipras, sem dúvida, sai fortalecido destas eleições, com o novo mandato de quatro anos legitimado pela população grega.
O premiê grego renunciou no fim de agosto em meio a uma crise política. Vinte e cinco deputados do Syriza se desligaram do partido logo após Tsipras ter aprovado com os credores europeus um terceiro plano de resgate, de € 86 bilhões. O chefe de governo acabou cedendo às pressões europeias por um plano de austeridade, com mais impostos, mas isso acabou lhe custando a maioria no Parlamento. Estes 25 deputados fundaram um novo partido, o Unidade Popular, contra a austeridade, mas o partido teve menos de 3% dos votos e não conseguiu nenhuma cadeira no Parlamento.
Tsipras falou pela primeira vez sobre a sua vitória através do Twitter. Na rede social, ele disse que "diante de nós de abre a via do trabalho e das lutas"
Pouco otimismo com Tsipras
O clima na Grécia não é de muito otimismo. Apenas 56,6% dos gregos convocados a votar compareceram às urnas. No domingo, por volta das 22hs, quando a vitória do Syriza foi anunciada e o partido de oposição Nova Democracia reconheceu a derrota, partidários de Tsipras se reuniram na praça Klafthmonos. Havia bandeiras, música, barraquinhas de comida, mas o clima era bem diferente daquele do início do ano, quando o Syriza ganhou pela primeira vez. A festa comedida, sem os discursos de esperança e de mudança radical no país e, nem pesadas críticas à Alemanha de Angela Merkel.
Eleitores do Syriza justificaram o voto no partido porque não queriam que a oposição vencesse as eleições. Alguns disseram estar decepcionados com o Syriza, que havia prometido aos gregos que não haveria austeridade, mas eles que ainda acham o partido a única opção para a Grécia e por isso estavam comemorando a vitória. O clima, realmente, não é de muito otimismo.
O desemprego na Grécia agora é de 25%, o mais alto da Europa e chega a 50% entre os jovens. A dívida da Grécia chega a 168% do seu PIB.
Discurso da vitória
Em seu discurso já como vencedor das urnas, Aléxis Tsipras disse que a vitória é do povo grego. Ele falou que “essa vitória pertence ao povo e aos que sonham com um amanhã melhor, que conseguiremos com trabalho duro”.
Ele disse também que "a Grécia e o povo grego são sinônimos de resistência e dignidade na Europa de hoje”. As dificuldades não foram esquecidas no discurso da vitória. Tsipras disse que há dificuldades à frente, mas acredita que a Grécia tem também uma “base firme”.
O resultado foi aplaudido pelos líderes da União Europeia. François Hollande, presidente da França e maior aliado europeu de Tsipras, disse que “a Grécia viverá um período de estabilidade com uma maioria sólida”. Hollande disse que a vitória de Tsipras é importante para a Grécia e para a Europa.
O líder grego disse que vai mostrar o quão eficaz a Grécia será e prometeu que o país vai ser um lugar melhor para os fracos e vulneráveis, “um lugar mais justo”.
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