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Protesto de policiais franceses contra remição de penas causa debate na imprensa

O principal destaque da imprensa nesta quarta-feira (14) é um protesto de policiais, evento raro na França. Manifestações estão previstas em todo o país, diante de tribunais regionais e da sede do ministério da Justiça, em Paris. Desde 1983, não ocorriam protestos de policiais na França.

A ministra francesa da Justiça, Christiane Taubira, adotou uma política progressista para o sistema carcerário, que é criticada pelos policiais.
A ministra francesa da Justiça, Christiane Taubira, adotou uma política progressista para o sistema carcerário, que é criticada pelos policiais. REUTERS/Stephane Mahe
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Os policiais franceses estão irritados com a política da ministra da Justiça, Christiane Taubira. Julgando que a superlotação nos presídios franceses é provocada por penas exageradas, ela implantou um sistema de remição, menos repressivo e mais voltado à reinserção social dos presos. Porém, alguns incidentes envolvendo presos que ganharam liberdade vigiada e voltaram a cometer crimes revoltaram os policiais. O governo socialista está sendo chamado de permissivo.

O jornal Libération afirma que os policiais franceses encontraram um "bode expiatório" no suposto laxismo do governo porque "os números mostram que o sistema de remição de penas é o melhor remédio para os presos não incorrerem em novos crimes". A guerra da polícia contra a justiça é uma velha disputa na França, segundo o diário progressista.

Na verdade, o que realmente tem incomodado os policiais franceses é a sobrecarga de trabalho depois dos atentados de janeiro passado, em que 17 pessoas morreram, entre elas três policiais. O policiamento foi redobrado, levando os agentes a fazer horas extras sem aumento de remuneração. Eles têm se queixado de cansaço físico porque são obrigados a usar coletes à prova de balas e um pesado equipamento de segurança depois que se tornaram alvo de radicais islâmicos.

No entanto, a gota d'água do movimento de protesto foi um incidente na semana passada, em que um policial levou um tiro na cabeça de um preso que tinha recebido licença para uma saída temporária e não retornou à prisão. Nenhum juiz se deu conta do caso. Para o Libération, a polícia se ilude ao acreditar que mantendo os presos na cadeia, a vida dos agentes vai melhorar.

Policiais reclamam de excesso de trabalho

O diário conservador Le Figaro diz que os protestos policiais demonstram a falência da política da ministra Christiane Taubira, que vale lembrar é negra e alvo frequente de insultos racistas. O jornal afirma que Taubira é talentosa no discurso, mas na prática adotou uma política "permissiva e ineficaz".

Le Figaro ouviu o presidente de um sindicato independente de delegados de polícia, Olivier Boisteaux. O delegado afirma que os policiais estão fartos "de correr atrás dos mesmos delinquentes que os juízes libertam de maneira prematura".

Le Figaro cita o que seriam sintomas reveladores de um mal-estar entre os policiais franceses. Segundo o diário, os agentes estão furiosos com o fato de não serem remunerados pelas horas extras que fazem; os suicídios na categoria aumentaram, assim como as agressões contra terceiros nas ruas, sem que eles possam proteger corretamente a população.

O governo francês acompanha atentamente a mobilização da corporação, que tem uma tradição de disciplina e respeito à hierarquia, e raramente manifesta seu descontentamento em público.

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