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Fuga de pilotos franceses do caso "Air Cocaína" foi bem planejada

A rocambolesca fuga para a França de dois pilotos condenados por tráfico de drogas na República Dominicana foi minuciosamente planejada, afirmam os jornais franceses desta quarta-feira (28). O trajeto da fuga é conhecido, mas os detalhes da ajuda que receberam de cúmplices continuam um mistério.

Entrevista coletiva de Pascal Fauret, um dos pilotos do caso "Air cocaína", em 27 de outubro de 2015.
Entrevista coletiva de Pascal Fauret, um dos pilotos do caso "Air cocaína", em 27 de outubro de 2015. REUTERS/Charles Platiau
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A fuga é cercada de mistério, mas segundo Libération, tudo indica que os pilotos Pascal Fauret e Bruno Odos tiveram ajuda de vários cúmplices, entre eles, ex-agentes dos serviços de informação da França.

Na entrevista coletiva de terça-feira (27), em Paris, no escritório de seu advogado, o piloto Pascal Fauret não deu nenhuma pista de como ele e o copiloto Bruno Odos conseguiram escapar da República Dominicana, onde foram presos ainda na pista do aeroporto de Punta Cana com 680 quilos de cocaína.

Fauret contou o inferno que viveu nos últimos anos em Santo Domingo, como os momentos difíceis na cela de 6 metros quadrados dividida com outros cinco prisioneiros. Mas não deu nenhum detalhe de como fugiram do país.

Quatro opções de fuga

Como aguardavam em liberdade o recurso sobre o julgamento, realizado em agosto de 2015, eles puderam planejar tranquilamente a fuga, escreve o diário. Segundo Libération, uma fonte próxima do caso explicou que eles fugiram de barco até a ilha franco-holandesa de Saint Martin. De lá foram para a Martinica, território ultramarino francês, onde pegaram um avião para Paris.

Libération diz que a fuga "espetacular" pode ter sido planejada com a ajuda de amigos que os pilotos conheceram na época que trabalharam para a marinha francesa. Entre eles, um que já trabalhou para as forças especiais e outros dois ex-agentes dos serviços de informação da França.

Le Figaro considera que a fuga foi digna de um "filme policial" e "minuciosamente preparada". Fontes ouvidas pelo jornal indicam que a "operação foi pilotada por Paris". Eles não deixaram a República Dominicana de helicóptero como chegou a ser divulgado, mas por barco. No total, quatro opções foram estudadas. A opção aérea foi descartada, segundo Le Figaro, porque os pilotos "não seriam confiáveis".

Cidadãos franceses na República Dominicana desempenharam um papel fundamental para viabilizar o plano, mas os nomes deles são mantidos em sigilo, por enquanto.

O jornal afirma que o embaixador francês no país não foi informado, como chegou a ser evocado. "Mas não se pode dizer que os serviços secretos só tomaram conhecimento do caso na segunda-feira", escreve Le Figaro.

Governo nega participação

O ministério francês das Relações Exteriores diz que acompanhava o caso de perto e até reclamou oficialmente dos vários atrasos na análise do processo, mas garante que não teve participação alguma na fuga, segundo Libération.

Como os pilotos tinham os passaportes confiscados pela justiça dominicana, uma das dúvidas é com relação aos documentos usados por eles para viajar. Outro ponto a esclarecer, segundo a reportagem, é o papel do eurodeputado do partido de extrema-direta Frente Nacional, Aymeric Chauprade.

Próximo dos militares franceses e antigo colaborador de um ex-presidente da República Dominicana, o eurodeputado postou uma foto com os dois pilotos dias antes da fuga. "Esse caso é cheio de pistas falsas e informações nebulosas, como em toda boa história policial", conclui Libération.

 

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