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Prisões de senador e banqueiro são novo golpe duro para Dilma

As prisões do líder do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado, Delcídio Amaral, e do banqueiro André Esteves, sócio do BTG Pactual, são comentadas nesta sexta-feira (27) na imprensa francesa. Le Monde considera que o governo brasileiro "ficou ainda mais fragilizado". Já o diário econômico Les Echos considera "o mandato de Dilma ameaçado".

A situação da presidente Dilma Rousseff ficou ainda mais fragilizada, segundo o jornal Le Monde.
A situação da presidente Dilma Rousseff ficou ainda mais fragilizada, segundo o jornal Le Monde. REUTERS/Adriano Machado
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Delcídio foi pego com a boca na botija, escreve o respeitado Le Monde. O jornal lembra que a detenção de um senador durante o exercício de seu mandato não é prevista na Constituição brasileira, exceto em caso de flagrante delito. Porém, diante da divulgação das gravações envolvendo Delcídio, não houve manobra política possível para salvar a pele do senador. "Ele se tornou um peso e foi completamente abandonado pelo partido", observa o jornal. Em tom de ironia, Le Monde declara que os senadores brasileiros "agora sabem que não poderão mais escapar do 'pequeno' juiz de Curitiba Sergio Moro".

Com a prisão do petista e de André Esteves, o escândalo da Petrobras assume uma nova dimensão, conclui o vespertino.

Compra da refinaria de Pasadena ameaça mandato da presidente

Les Echos avalia as repercussões dessas novas detenções. O texto cita uma declaração do senador Cristovam Buarque, ex-ministro do governo Lula. "A destituição da presidente Dilma não é apenas uma possibilidade, mas uma questão central" para o futuro do país, afirmou Buarque.

O jornal explica que desde as detenções de Delcídio e Esteves, as reuniões de crise no Palácio do Planalto se sucedem, porque a presidente é citada nas gravações que incriminam o petista.

"Um ex-diretor da Petrobras [Nestor Cerveró] declarou à justiça que longe de delegar poderes na estatal, Dilma acompanhava de perto tudo o que acontecia na Petrobras e estava ciente das irregularidades cometidas na compra da refinaria americana de Pasadena, que gerou US$ 800 milhões de prejuízo", explica Les Echos. Chamando a atenção para a gravidade da situação, Les Echos acrescenta que, "antes de ser eleita, Dilma presidiu o Conselho de Administração da Petrobras durante oito anos".

Diante de tamanho escândalo, Les Echos vê uma classe política "perplexa". "O Congresso está paralisado, o governo não consegue aprovar medidas orçamentárias para diminuir o déficit público e conter a crise." Com a prisão de Delcídio, agora as duas casas legislativas são atingidas, já que a Câmara dos Deputados também está em polvorosa devido às investigações contra Eduardo Cunha, presidente da assembleia.

Les Echos nota que em meio a essa confusão, Dilma se mantém discreta e até recebeu, na quarta-feira, a seleção brasileira de handebol "longe dos holofotes" da imprensa.

André Esteves circulava no alto escalão do poder, diz AFP

A agência de notícias AFP publica um perfil do banqueiro André Esteves, com o título sugestivo "Agora é a alta finança brasileira que vai parar na prisão". De acordo com a AFP, além de banqueiro hábil e poderoso, Esteves possui a décima-terceira fortuna do Brasil, um patrimônio estimado em US$ 2,1 bilhões, segundo a revista Forbes.

A agência de notícias ouviu o gerente de um grande fundo de investimento de São Paulo. Sob garantia de anonimato, o entrevistado afirma que o banqueiro carioca circulava no alto escalão do poder. "Muitas empresas brasileiras adotam práticas irregulares, e isso é um eufemismo em se tratando de políticos", disse o financista, lembrando que o BTG Pactual investiu em vários negócios da Petrobras, principalmente na África.

No início de outubro, o BTG Pactual detinha US$ 155 bilhões em ativos. Com a detenção de seu presidente, as ações do banco despencaram 21% na Bolsa de Valores de São Paulo, conclui a AFP.

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