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OMS age rápido sobre zika vírus para evitar críticas

O anúncio da Organização Mundial da Saúde de que a microcefalia associada ao vírus zika é uma urgência de saúde pública de proporção mundial ganhou repercussão em toda a imprensa francesa desta terça-feira (2).

A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, e o professor David L. Heymann, diretor executivo de doenças transmissíveis, em Genebra, em 01/02/16.
A diretora-geral da OMS, Margaret Chan, e o professor David L. Heymann, diretor executivo de doenças transmissíveis, em Genebra, em 01/02/16. REUTERS/Pierre Albouy
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Para Le Figaro, a OMS aciona o alarme sobre o vírus zika e a diretora-geral da Organização “pede ação”. Segundo o diário francês, a entidade não quer ser acusada de reagir tarde demais, como aconteceu no caso do ebola.

Segundo o jornal, foram os casos de microcefalia no Brasil que provocaram uma mudança na percepção dos riscos do vírus. Ainda não está comprovado cientificamente a relação do zika com a doença, mas as suspeitas são fortes o suficiente para que países aconselhem mulheres a adiar planos de engravidar. Pela primeira vez ontem, o governo brasileiro desaconselhou mulheres grávidas a viajarem para o Brasil durante os Jogos Olímpicos, escreve Le Figaro.

Para Les Echos, a OMS não demorou em aceitar o conselho de um comitê de “experts” independentes. A qualificação da doença como "urgência de saúde pública" vai permitir acelerar as medidas de combate mundial contra a epidemia. A decisão da Organização também deve estimular a pesquisa científica, afirma Les Echos. Em um tuíte, a OMS também lembrou que os meios de diagnóstico e de vigilância também devem ser reforçados.

Decisão sobre estado de emergência

Libération traz uma ampla reportagem sobre o vírus que fez a OMS convocar um comitê extraordinário. Desde segunda-feira, especialistas estão reunidos a portas fechadas em um sistema de videoconferência para determinar se a epidemia é uma emergência a de saúde pública mundial.

Uma decisão definitiva deve ser anunciada hoje ou amanhã, mas a OMS já decretou que se trata de uma "urgência de saúde pública de proporção mundial", esclarece Libération.

O jornal faz um longo histórico da doença e lembra que o vírus foi isolado pela primeira vez em 1947 na Floresta Zika, em Uganda, em um grupo de macacos do tipo rhésus controlados por uma rede de vigilância sobre a febre amarela.

Durante vários anos, casos esporádicos foram identificados na África e no sudeste asiático, antes da primeira epidemia aparecer em 2007, quando 73% dos habitantes das Ilhas Yap, na Micronésia, foram infectados. Entre 2013 e 2014, uma segunda epidemia foi registrada na Polinésia francesa, onde 55 mil doentes foram identificados.

Correlação com microcefalia

Depois de explicar como acontece a transmissão pelos mosquitos do tipo Aedes, o diário francês lembra que uma das complicações do zika vírus se traduz em casos de microcefalia em bebês. Apesar de não ser comprovado cientificamente, as informações sobre a correlação do vírus com a má-formação craniana dos fetos convergem e se acumulam.

Especialistas entrevistados pelo Libération dizem que diante dos casos atingindo mulheres grávidas, a mobilização da indústria farmacêutica pode ser rápida. Diferentemente do vírus ebola, o zika é de uma família viral na qual já existe uma vacina contra uma das doenças, a febre amarela.

Os cientistas dizem ainda que o conhecimento sobre o vírus ainda está na fase inicial. Pouco se sabe sobre as características epidemiológicas do zika, como período de incubação, o papel dos mosquitos na transmissão e a extensão geográfica do vírus. A comunidade científica ignora também as interações do zika com outros vírus transmitidos pelos mosquitos como a dengue e a chikungunya.

Epidemia em expansão

Segundo Libération, será preciso criar laboratórios para realizar testes específicos sobre o zika e reduzir erros de diagnósticos diante da presença de outros vírus como o da dengue.

Apesar dos avanços já constatados, como no caso da epidemia de chukungunya na Ilha da Reunião, que matou 225 pessoas e contaminou 260 mil habitantes, o Instituto de Pesquisas para o Desenvolvimento (IRD) esclarece que todo vírus tem um crescimento exponencial, muito intenso, principalmente quando é novo em determinada região e depois diminui.

Mas tudo indica que o zika vírus ainda está em fase de expansão, mesmo tendo atingido um pico no nordeste do Brasil. A epidemia deve continuar se espalhando por todo o continente americano.

Até o momento, os casos identificados na Europa foram de pacientes que "importaram" a doença, ou seja, que contraíram o vírus durante uma viagem, mas ninguém descarta o aparecimento de casos locais. Uma das dúvidas dos especialistas é sobre o efeito das mudanças climáticas na proliferação do mosquito transmissor. O fenômeno El Niño provoca um aquecimento nas regiões central e oriental do Pacífico, o que pode contribuir para a expansão do mosquito.

 

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