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A Semana na Imprensa

Cinco anos depois de revoltas, regime egípcio é mais repressivo do que nunca

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A revista francesa L’Obs desta semana traz uma reportagem especial sobre os cinco anos da revolta popular no Egito, que resultou na queda do ditador Hosni Mubarak. Hoje, no entanto, o sonho de revolução se transformou em decepção: o novo regime, comandado pelo marechal al-Sissi, é “mais repressivo do que nunca”.

Forças de segurança na praça Tahrir durante as comemorações do aniversário da primavera árabe.
Forças de segurança na praça Tahrir durante as comemorações do aniversário da primavera árabe. REUTERS/Mohamed Abd El Ghany
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A reportagem do enviado especial Christophe Boltanski começa com um passeio pelo local emblemático das manifestações, a praça Tahir. Os grafites e pichações clamando por liberdade foram apagados pelas autoridades e um monumento em homenagem às revoltas está coberto por tapumes. A estação de metrô está fechada desde 2011 e qualquer reunião de pessoas na praça é proibida – à exceção de grupos de policiais.

O texto destaca que quase todos os líderes dos protestos estão na prisão ou no exílio. Neste período, mais de 1,4 mil pessoas foram mortas e 40 mil presas - a maioria integrantes do partido islamita Irmandade Muçulmana, que venceu as primeiras eleições realizadas no país depois da queda de Mubarak, mas acabou deposto em um golpe de Estado em 2013. Segundo L’Obs, o Egito está atrás apenas da China na lista dos países que mais prendem jornalistas, uma repressão que se intensificou nas semanas anteriores ao aniversário da revolução, 17 de fevereiro.

O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, assumiu o poder depois de um golpe de Estado.
O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, assumiu o poder depois de um golpe de Estado. REUTERS/Tiksa Negeri

A reportagem conta o caso de uma galeria de arte no Cairo que, há quase dois meses, foi invadida por 20 policiais, que recolheram computadores e arquivos e fecharam o local, sem qualquer explicação. O mesmo procedimento se repetiu em uma editora de livros situada a poucos metros, a Merit. O governo agora pede uma multa milionária para autorizar a reabertura do estabelecimento.

Doutorando italiano acabou morto

Desta forma, pouco a pouco, as autoridades egípcias tentam calar qualquer movimento que possa se transformar em contestação. À revista francesa, o ativista Ghada Shahbender afirma que a polícia entra sem mandato em todo lugar onde possa existir reuniões de opositores ao governo. Outra militante, Laila Soueif, ironiza as tentativas de repressão: “Eles acham que se fecharem os lugares onde os jovens se encontram, eles não poderão mais protestar. É estúpido, porque todo mundo se encontra no Facebook”.

A revista conta ainda o caso de um doutorando italiano, Giulio Regeni, que se mudou para o Cairo em setembro para se aprofundar nos estudos sobre o movimento operário egípcio e acabou sendo encontrado morto dois meses depois. As autoridades tentaram convencer que ele morreu em um acidente de trânsito, mas, ao analisar o corpo, a diplomacia italiana descobriu que o jovem foi torturado até a morte. Segundo a reportagem, desaparecimentos e mortes suspeitas como essa se repetem a cada semana.
 

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