Secas obrigam governo da Rússia a suspender exportações de trigo

O governo russo vai suspender as exportações de trigo e produtos derivados devido à queda nas colheitas, causada pelas secas e graves incêndios que atingem o país . Desde junho, a Rússia sofre com uma onda de calor sem precedentes, registrando as mais altas temperaturas dos últimos 130 anos.

Safra de trigo este ano deve ser, pelo menos, 20% menor do que a produção habitual, segundo o governo russo. Reuters

Em declarações transmitidas por canais de televisão locais nesta quinta-feira, o primeiro-ministro Vladimir Putin disse que as altas temperaturas e as secas justificam o embargo temporário das exportações.

Putin também indicou que o embargo deve "impedir a inflação no preço dos alimentos e salvar cabeças de gado no país, preservando a forragem". O premiê russo também prometeu reservar 890 mil euros para os agricultores mais afetados pelas secas. Segundo um porta-voz do Kremlin, o embargo vai vigorar entre os dias 15 de agosto e 31 de dezembro deste ano.

A Rússia, que fornece 8% do trigo comercializado no mundo, é o terceiro exportador mundial. No início da semana, o governo já havia anunciado que a safra de trigo deste ano seria de cerca de 70 milhões de toneladas, ou seja, 20 milhões a menos do que o volume produzido normalmente.

A redução do cultivo tem consequências diretas no preço do cereal e a seca sem precedentes já pressiona o mercado de commodities. Hoje, na bolsa de Chicago, onde são negociadas as commodities agrícolas de maior liquidez, o preço do cereal atingiu seu nível mais alto dos últimos 2 anos. Desde o final de junho, o preço do trigo no mercado internacional já aumentou 50%.