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Líbia/Transição

Sarkozy desmente acordos privilegiados com a Líbia

Em visita à capital Trípoli, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, desmentiu nesta quinta-feira as insinuações feitas na imprensa de que teria acertado acordos secretos com os líderes dos rebeldes em troca de ajuda militar para derrubar o ditador Muammar Kadafi. "Não pedimos nenhuma preferência", declarou Sarkozy, acompanhado do premiê britânico, David Cameron. O chefe do CNT prometeu, no entanto, que vai privilegiar os aliados nos contratos futuros.

(da esquerda para direita): o presidente francês, Nicolas Sarkozy, o presidente do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Abdel Jalil, o primeiro-ministro rebelde líbio, Mahmoud Jibril, e o premiê britânico, David Cameron.
(da esquerda para direita): o presidente francês, Nicolas Sarkozy, o presidente do Conselho Nacional de Transição, Mustafa Abdel Jalil, o primeiro-ministro rebelde líbio, Mahmoud Jibril, e o premiê britânico, David Cameron. REUTERS/Anis Mili
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Sarkozy negou com veemência o que analistas e jornalistas do mundo inteiro comentam sobre as relações privilegiadas entre a França e o Conselho Nacional de Transição da Líbia, órgão político dos rebeldes. "O que foi dito por algumas mídias é falso, é uma manipulação. Fizemos o que tínhamos que fazer, o que achávamos justo", afirmou o presidente francês em referência às operações da Otan iniciadas em março com a liderança da França e da Grã-Bretanha, chamada por alguns especialistas de "audaciosa aposta militar".

Apontada como a principal interessada na democratização da Líbia, a França foi o primeiro país a reconhecer o CNT como representante do povo líbio. Em troca, teria fechado um acordo com os líderes dos rebeldes para obter 35% do total do petróleo bruto do país, segundo documentos aos quais jornalistas franceses tiveram acesso. Na entrevista coletiva à imprensa em Trípoli, ao lado de Cameron e dos líderes do CNT (o presidente Mustafa Abdel Jalil e o primeiro-ministro Mahmoud Jibril), Sarkozy rebateu as acusações dizendo que não se aproveitou da situação líbia para botar a mao em suas riquezas.

"Não há nenhum cálculo, nenhum acordo por debaixo dos panos, não pedimos nenhuma preferência", afirmou o presidente francês.

Mustafa Abdel Jalil reiterou as palavras do colega dizendo que não assinou nenhum "pré-acordo" com os "aliados e amigos", mas garantiu que estes países terão prioridade nos contratos futuros com a Líbia.

"Reconhecemos todo o esforço dos países que apoiaram as forças anti-Kadafi e eles terão prioridade nos futuros contratos, através de uma política de transparência", disse o presidente do CNT.

Esta manhã o presidente francês e o primeiro-ministro britânico visitaram  juntos um hospital na capital Líbia
Esta manhã o presidente francês e o primeiro-ministro britânico visitaram juntos um hospital na capital Líbia REUTERS/Eric Feferberg/Pool

"Kadafi ainda é um perigo"

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, reafirmou que a Otan vai manter suas operações na Líbia enquanto o seu povo precisar de proteção contra as forças do ditador. O país não está totalmente pacificado. Tropas de insurgentes se preparavam nesta quinta-feira para uma "grande batalha" em Syrte, a 350 quilômetros da capital.

"Kadafi é um perigo, existe um trabalho a ser terminado. Ele deve ser capturado e todos os que são acusados pela Justiça internacional devem prestar contas. A França defende a reconciliação dos líbios. Quem cometeu crimes deve ser julgado. Olhem para o futuro juntos, sem sentimento de vingança", disse Sarkozy.

O presidente francês dedicou a visita a todos os que esperam ver a Líbia livre e não mediu as palavras para falar de outro país árabe em revolta, a Síria. Ele disse sonhar que os jovens da Síria tenham o mesmo destino da juventude líbia: "a democracia é para todos".

Sarkozy e Cameron visitaram um hospital em Trípoli e são aguardados em Benghazi, a leste do país, o reduto da revolução contra Kadafi iniciada em fevereiro.

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