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ONU/Síria

Comissão condena violação dos direitos humanos na Síria

O Conselho dos Direitos Humanos (CDH) da ONU condenou nesta sexta-feira em uma resolução votada por uma grande maioria "as violações sistemáticas e flagrantes" dos direitos humanos e das liberdades fundamentais na Síria pelo governo de Damasco". A resolução também decidiu enviar o relatório da comissão de investigação do CDH ao secretário-geral da ONU pedindo "uma ação apropriada" e "recomendando que as prinicipais organizações da ONU também tomem conhecimento". 

A alta Comissária para os direitos humanos da ONU, Navy Pillai, conversa com o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, membro da comissão de investigação da organização, pouco antes da sessão extraordinária  sobre a situação na Síria.
A alta Comissária para os direitos humanos da ONU, Navy Pillai, conversa com o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, membro da comissão de investigação da organização, pouco antes da sessão extraordinária sobre a situação na Síria. REUTERS
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A França saudou a adoção da resolução. “Este voto confirma, uma vez mais, o isolamento internacional do regime de Bachar Al Assad que continua a desrespeitar os direitos humanos”, declarou o ministro das Relações exteriores francês, Alain Juppé em um comunicado.

Juppé também pediu que medidas fossem tomadas rapidamente, como consequência desta resolução e disse que a França está mais decidida do que nunca a aumentar a pressão sobre o regime de Damasco para que pare a repressão e faça uma transição democrática.

Por sua vez, a Rússia julgou a condenação da Síria pela resolução do Conselho dos Direitos Humanos da ONU inaceitável e denunciou a intenção velada de uma intervenção militar no país.

Navi Pillay, Alta Comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, pediu nesta sexta-feira que a comunidade internacional tome "urgentemente medidas eficazes para proteger a população síria".

"Se a repressão impiedosa exercida pelas autoridades sírias não acabar imediatamente, o país corre o risco de entrar em uma verdadeira guerra civil", disse ela durante uma sessão extraordinária do Conselho dos direitos humanos das Nações Unidas, em Genebra.

Navi Pillay acrescentou que é urgente que os membros das forças sírias suspeitos de crimes contra a humanidade sejam julgados pela comunidade internacional.

Ela disse ainda que o balanço de 4 mil mortos pela repressão em nove meses, divulgado ontem pela ONU, inclui 307 crianças. Além disso, mais de 14 mil pessoas teriam sido presas.

O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, da Comissão Especial sobre a repressão na Síria, informou que as forças de segurança do regime mataram somente em novembro 56 crianças. "Foi o mês mais violento contra as crianças", segundo Pinheiro. Testemunhas denunciam execuções sumárias e torturas em crianças, mesmo pequenas, que têm as unhas arrancadas, são espancadas, sofrem queimaduras e chegam a serem executadas a tiros.

O embaixador da Síria junto às Nações Unidas em Genebra, Faysal Khabbaz Hamoui, exprimiu seu descontentamento. "O problema sírio só pode ser resolvido pelos sírios. Somente uma solução nacional é possível", afirmou o diplomata, fazendo referência às promessas de reformas democráticas feitas pelo governo de Bachar al-Assad. "A solução não pode vir dos corredores da comunidade internacional. Essas resoluções só colocam mais lenha na fogueira", acrescentou.

Pressões

A União Europeia publicou hoje em seu diário oficial os nomes das 12 pessoas e 11 empresas sírias que serão alvo de sanções econômicas devido à repressão dos manifestantes contra o regime do presidente Bachar al-Assad. Dois ministros, militares, dois órgãos da mídia e três companhias petrolíferas fazem parte da "lista negra" dos europeus.

As sanções europeias visam a Syria Trading Oil, empresa do governo sírio, a General Petroleum Coporation e a Al Furat Petroleum Company.

Entre as firmas sancionadas, figuram também empresas acusadas pelos europeus de fornecerem dados a um centro de pesquisa que apóia a repressão contra dissidentes sírios.

A companhia petrolífera holandesa Royal Dutch Shell anunciou hoje que vai interromper suas atividades na Síria, seguindo as novas sanções europeias.

O único jornal político sírio nas mãos da iniciativa privada, al-Watan, também foi inscrito na lista negra da União Europeia. O diário é acusado de "participar das capanhas de desinformação e incitar à violência contra os manifestantes".

Violência

E apesar da pressão crescente da comunidade internacional, a repressão continua com toda força na Síria, segundo informações do Observatório sírio dos direitos humanos. 

Nesta sexta-feira, uma mulher e um homem idoso morreram e 18 pessoas ficaram feridas depois de levarem tiros das forças de segurança em Homs, no centro da Síria. A cidade, um dos principais centros de contestação ao regime no país, está cercada pelo exército.

Um terceiro civil foi assassinado pelas forças de segurança na entrada da cidade de Saraqeb, no nordeste da Síria. Dezenas de manifestações acontecem hoje em todo o país.

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