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EUA/Afeganistão

Soldados que urinaram em talibãs terão de prestar contas, diz EUA

O vídeo em que quatro militares com roupas do Exército americano aparecem urinando sobre corpos de supostos rebeldes talibãs, no Afeganistão, gera reações indignadas. O presidente afegão, Hamid Karzai, disse que as imagens mostram um "ato desumano". O secretário americano da Defesa, Leon Panetta, considerou as imagens "deploráveis".

Vídeo exibido pelo Youtube mostra soldados americanos urinando em cadáveres de supostos rebeldes talibãs.
Vídeo exibido pelo Youtube mostra soldados americanos urinando em cadáveres de supostos rebeldes talibãs. Reuters/YouTube
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"Essas imagens terão um impacto negativo nos esforços de paz", declarou Arsala Rahmani, membro do Alto Conselho Afegão para a Paz, criado pelo presidente Karzai. "Com esse tipo de ação, os talibãs poderão recrutar jovens e dizer a eles que o país está sendo atacado por cristãos e judeus e por isso eles precisam defendê-lo", acrescentou Rahmani.

O secretário da Defesa americano afirmou que os responsáveis pelo incidente terão de prestar contas sob todos os pontos de vista. O porta-voz do Pentágono, capitão John Kirby, disse que embora as imagens ainda não tenham sido autentificadas, nenhum indício aponta que elas sejam falsas. "O vídeo demonstra um comportamento inaceitável da parte de soldados americanos", acrescentou o porta-voz. 

Os talibãs qualificaram as imagens de "ato bárbaro". Ao mesmo tempo, um porta-voz do movimento extremista declarou que a divulgação do vídeo não vai "entravar as negociações de paz" com Washington. Em um comunicado enviado à agência de notícias AFP, os insurgentes garantem que a guerra santa (jihad) vai continuar assim como os combates para instaurar um governo islâmico no Afeganistão, reconhecendo, no entanto, os esforços políticos para negociar com a comunidade internacional o fim do conflito.

Os talibãs se mostraram dispostos a abrir uma representação no exterior para dialogar com os Estados Unidos. "Estamos numa fase inicial de negociações com o Catar, visando sobretudo a troca de prisioneiros de Guantánamo. Não achamos que esse problema vá afetar as negociações", afirmou o porta-voz talibã Zabiullah Mujahed. O rebelde disse que nos dez anos de ocupação do país aconteceram "centenas de atos semelhantes" que não foram revelados.

Exército americano abre investigação

O Exército americano anunciou ter aberto uma investigação para identificar os envolvidos. No vídeo, um dos soldados que urina sobre os cadáveres fala "Passem um bom dia, meus caros".

Uma autoridade do Departamento da Defesa comentou que pelo tipo de capacete e das armas dos militares, os soldados envolvidos no escândalo pertencem a um grupo de atiradores de alta precisão. Esse tipo de comportamento contraria o Código da Justiça Militar americano.

Após dez anos de conflito sem perspectiva de solução militar, as tropas ocidentais, que deixarão o Afeganistão em 2014, decidiram negociar com os talibãs antes de ir embora deixando para trás um país em guerra civil. Este mês, os rebeldes aceitaram abrir uma representação no exterior, talvez no Catar, para dar continuidade às negociações.

Buscando atenuar as tensões com os muçulmanos, o governo americano deu um passo à frente e já estendeu a mão para a Irmandande Muçulmana no Egito, movimento islâmico moderado que avança no cenário político local.

No próximo fim de semana, o representante especial de Barack Obama para o Afeganistão e o Paquistão inciará uma turnê que vai levá-lo ao Afeganistão, à Turquia, a Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos. Em Cabul, o diplomata Marc Grossman vai tentar convencer o presidente afegão a tomar uma série de "medidas de confiança" julgadas necessárias pela Casa Branca à abertura de discussões que podem levar os talibãs a participar do governo de Hamid Karzai. 

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